Quadrim Comenta - Sweet Tooth: Volume 1 - Saindo da Mata

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sweet0101Sweet Tooth – Depois do Apocalipse: Vol. 1 – Saindo da Mata
Autor: Jeff Lemire
Editora: Panini
Este encadernado reúne as cinco primeiras edições em 132 páginas, preço sugerido de R$ 15,90.

Sinopse: Uma epidemia conhecida por Flagelo matou bilhões de pessoas, deixando outras milhares doentes. As únicas crianças nascidas após esse evento são híbridas, uma nova espécie que mescla características humanas e animais, e por isso são perseguidas. Gus é uma dessas crianças ameaçadas, um menino com uma alma dócil, uma queda por doces e traços de cervo.

Por Nikita

A princípio você pode achar que Sweet Tooth não convencerá por ter o tema pós-apocalíptico, assunto esse extremamente batido por zumbis, vampiros e vírus perigosos em geral. Mas leia atentamente o que essa humilde leitora e metida a escritora tem a lhes dizer: Vale a pena porque nunca fizeram desse jeito.

Primeiramente falarei do Gus, o menino-cervo.

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Normalmente, para protagonista os escritores optam por um personagem altivo, bonito e que transmita coragem à primeira vista. Mas não é esse o caso em Sweet Tooth. Ao menos, a princípio, a imagem que se tem de Gus é totalmente contrária a esse estereótipo. Ele é carente, ingênuo e tem um olhar amedrontado, mas ao mesmo tempo doce, que é capaz de tocar o coração dos maiores brucutus ao estilo “Os Mercenários”, do Stallone.

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Apesar de ter vivido escondido numa floresta por 9 anos, somente com seu pai como único contato, no decorrer da história você percebe nele uma coragem que não é passada de imediato. Apesar do todo medo pelas coisas e pessoas que nunca antes havia tido contato, Gus assume as rédeas e fala grosso (ou talvez o mais próximo que uma criança de 9 anos possa conseguir) quando é preciso. Sem falar na sua curiosidade quase enervante, que faz dele um menino mais esperto do que realmente aparenta ser.

Outro personagem que merece destaque é o Sr. Jepperd, o homem que salva Gus da mira de caçadores no início da história. Com um olhar sério e postura militar, de imediato você percebe algo de errado e duvidoso no jeitão dele, mas também descobre que o mais frio dos homens pode ter seu lado de compaixão e humanidade.

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Por fim, Jeff Lemire consegue transmitir perfeitamente a semblante “acabada” nos rostos dos personagens que surgem no decorrer de Sweet Tooth. Aqui, personagens bonitos e sarados tornariam a história mais inverossímil do que crianças híbridas de humanos e animais.

Os traços de Lemire não poderiam ser diferentes, já que é um mundo devastado, com poucos sobreviventes, o que resulta em más condições de vida. Buscando um pouco mais de informações sobre o autor, descobri que ele viveu durante a febre nuclear dos anos 80, no Canadá. Portanto, creio que grande parte do que ele retrata, tanto em texto quanto em arte, seja por experiência própria.

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E assim a leitura flui de forma que te impede até mesmo de parar para descansar os olhos. Ao menos foi essa sensação que tive. Li de madrugada, de uma só vez, as cinco primeiras histórias que compõem este encadernado da Panini Comics, que fez um belíssimo trabalho de publicação.

Melhor que isso, só se eu pudesse ter lido tudo de uma só vez!

Por Vítor Azambuja

Quando comecei a ler Sweet Tooht, por meio de suas edições digitais, felizmente a série já passava do número 30 nos EUA. Digo “felizmente” porque pude conhecer quase que por inteira a saga de Gus e Jepperd antes de escrever essa resenha, e assim creio que posso fazer melhor justiça à obra de Jeff Lemire. O fato é que as cinco primeiras edições, reunidas nesse primeiro encadernado lançado pela Panini, não chegam a dar uma ideia verdadeira do que é Sweet Tooth. Na verdade, elas servem mais para ambientar o leitor no cenário pós-apocalíptico da história, onde há alguns anos as pessoas começaram a morrer misteriosamente vítimas de uma doença conhecida como o Flagelo, e todas as crianças que nasceram após o surgimento do Flagelo são híbridas entre animais e humanos. Nesse mundo sobraram alguns poucos humanos que (ainda) não sucumbiram à doença, e os híbridos são os únicos imunes. Mas por que isso está acontecendo?

sweet0106Aqui entre nós, essa é a única pergunta que me fez avançar a leitura além das primeiras edições. Inicialmente, me incomodou bastante ver aclamada pela crítica outra série passada numa realidade pós-apocalíptica onde os protagonistas tentam sobreviver e bláblábláblá. Gosto dessa premissa tanto quanto qualquer outro leitor, mas acho que ela já ficou BEM saturada nos últimos anos.

Todavia, após essas primeiras edições que não me pareciam lá muito originais, a série acabou por me prender de vez. Prendeu literalmente, chegando a causar uma sensação de claustrofobia à medida que história avançava. Claustrofobia e também tristeza, pois Sweet Tooth é uma história triste, muito triste, e já nesse primeiro encadernado você percebe isso. A todo o momento somos lembrados do horror que se tornou o mundo após a Praga, e do medo que sentem ou provocam os humanos remanescentes. Mas o pior de tudo é que jamais conseguimos ignorar que os grandes protagonistas da trama, os híbridos, são apenas crianças ainda: brincam (raramente), amam, mas também sentem medo, dor, angústia, e morrem. Tudo isso acontece com essas crianças. O sofrimento delas passa das páginas para o leitor, e a aparência grotesca dos pequeninos (Gus é o único cujo aspecto lembra um humano) não diminui o impacto tanto como eu gostaria que diminuísse.

Sobre a trama em si, fica difícil falar mais sem avançar pelos próximos encadernados da série, já que ela começa a engrenar de verdade após o arco “Saindo da Mata”. Por ora, basta dizer que, se você for forte o suficiente para ir além dessas cinco primeiras edições que agora saem no Brasil, vai acompanhar uma grande história, com bons diálogos, roteiro instigante, questionamentos pertinentes, personagens palpáveis, e um bom suspense. A única coisa que você não vai encontrar, pelo menos não tão facilmente, é uma história alegre.

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PS: A série se encerrou recentemente nos EUA, na edição 40. Há, sim, uma explicação para o Flagelo e para os híbridos, e ela é bastante interessante.

Equipe Quadrim

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