Lá e de Volta Outra Vez 02 – Visitando outros mundos sem sair de casa: parte 2

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Vai um Ginkgo Biloba aí?

É definitivo. Estou ficando velho. O tempo é inexorável. A cada dia, dirijo-me a passos cada vez mais ligeiros rumo ao fim, ao buraco negro da não existência, do esquecimento eterno. Dramático não?

Esse papo melancólico surgiu na minha cabeça pensando sobre o assunto da minha primeira coluna, sobre a cacetada de ofertas de entretenimento que temos hoje em dia. Se você não leu, vai lá.

O que me ocorreu principalmente vem um pouco da minha própria experiência como consumidor desse material todo, como observando meus pares (nerds e não nerds) nessa cultura de massa que temos hoje e que já falei anteriormente.

Todo nerd tem um pouco de TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo). Como nerd que sou, apesar da Ana Maria Braga dizer que não, visto que não tenho vlog, sou um consumidor voraz de tudo quanto é coisa. Leio bastante, jogo moderadamente e assisto na medida do possível. Não dou conta de tudo e tento otimizar ao máximo o tempo disponível para esses pequenos grandes prazeres. O grande problema vem depois. Praticamente esqueço tudo que vi/li/ouvi/joguei.

Claro que não esqueci de tê-los feito, cabeção. Afinal sou um senhor de 33 anos, não um velhote de 40 (no conceito de hoje em dia). O que pega são os detalhes. Se assisto um filme, em dois dias vou lembrar da sinopse, da conclusão e uma ou outra cena marcante. Mas vou completamente esquecer de detalhes importantes da trama, de easter eggs bacanas ou da ordem das cenas.

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Percebi isso lendo Tormenta de Espadas, o terceiro livro das Crônicas de Gelo e Fogo. Havia terminado o segundo livro poucos meses atrás. E enquanto lia o terceiro, não me lembrava de vários detalhes e acontecimentos do anterior. A série da HBO (sensacional) substituiu na minha memória coisas que nos livros acontecem de outra forma. O visual suplanta as palavras (uma imagem vale mais que mil palavras). Isso é absolutamente normal.

A questão é: Conseguimos armazenar na nossa memória tanta coisa? A grande verdade é que a oferta é tão grande que nos vemos tentando absorver tudo isso, mas sem profundidade. Não há tempo de ler, refletir sobre a obra, guardar aquilo e só mais tarde partir pra outra. Afinal, acabou de sair mais um lançamento.

Pergunta pra você, caro leitor: Quando a gente era criança tudo era mais legal, não é não? Fala a verdade, ver o He-Man correndo de tanga de pelos é muito mais legal que o tosco do Max Steel, com aquela roupa de mergulho estranha. É a tal da memória afetiva. Temos um carinho absurdo por aquilo que vimos na nossa infância, pelo simples fato de que nos remete a lembranças boas de um tempo que não voltará. A famigerada nostalgia (“No meu tempo que era bom…”).

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O que me fez pensar foi o comportamento dos nostálgicos. Hoje em dia temos uma dificuldade danada em apontar boas produções, sejam elas quadrinhos, filmes, desenhos ou games. Vivemos dizendo que as ideias estão se repetindo, que é tudo descartável. Por outro lado, mostre pro teu filho, sobrinho ou qualquer um menor de 18 anos coisas que via quando criança e eles vão fazer aquela cara de “Sério que você assistia ISSO?”.

Soma tudo, noves fora e vai dar a resposta do problema todo: É IMPOSSÍVEL uma produção atual, por melhor que seja, competir com alguma coisa minimamente legal que você teve em sua infância. Não dá. Você nunca vai avaliar somente pela qualidade da obra em si. Sempre entra na conta o que aquela obra te faz sentir ou recordar. Do outro lado do ringue, a obra de hoje está lá indo a nocaute no seu conceito, porque você não deu o tempo necessário a ela nas suas reflexões. Até porque acabou de sair a continuação. A não ser que seja um fenômeno como Game of Thrones, ela se perderá na sua memória em pouco tempo.

É claro que a produção em massa faz cair a qualidade. Tendência normal na nossa sociedade moderna. O objetivo é lucro. Comercial, não artístico. O negócio é gastar pouco na produção, mais ou menos no marketing, criar a necessidade de você comprar esse negócio, e partir pro próximo projeto. É realmente descartável. Mas tem pérolas no meio. O difícil é admitir isso. Mais fácil meter o pau de cara, né não, seus mimizentos? : -)

Ricardo Sorvillo

Ricardo Sorvillo é membro do Quadrimcast e mora na Terra Média, sempre passeia por uma galáxia muito distante e salva o mundo de invasões alienígenas às terças, mas sempre é trazido de volta por sua esposa e filho, com quem sempre entra em disputa pelo controle do vídeo-game.

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