Olá Tropa, este é o primeiro Quadrim Entrevista, um espaço onde faremos entrevistas com editores, roteiristas, desenhistas, artistas que trabalhem com HQs, celebridades que sejam fãs de quadrinhos (que talvez você nem saiba que sejam admiradores da nona arte!)…
E para a primeira entrevista, convidamos um gênio naquilo que faz (não, o nome dele não é Logan), um dos melhores (se não o melhor) guitarristas da música brasileira, um virtuoso canhoto que coleciona quadrinhos com a mesma paixão com que faz solos impressionantes, conhecido por tocar em quase todas as bandas de rock paulistanas nos anos 80… Edgard Scandurra!
Quadrim: Edgard, primeiramente, como começou a sua relação com quadrinhos?
Edgard Scandurra: Desde criança eu adoro quadrinhos. Comecei com o Peninha como meu herói favorito, passei para o Hulk e nos anos 80, com o Plano Cruzado, pude comprar inúmeros quadrinhos europeus em versões portuguesas e foi a partir daí que comecei uma enorme coleção que tenho até hoje.
Q: Quais seus personagens/histórias favoritos, aqueles que você relê a qualquer hora?
E: Eu sou um fã do traço e do texto do Enki Bilal. “Os Imortais”, na minha opinião, é a melhor banda desenhada que eu já li. Nunca pensei em chorar ao ler um quadrinho e com Bilal a emoção é como num cinema.
Os Imortais de Enki Bilal, uma das obras preferidas de Edgard
Q: Hoje em dia, ainda tem tempo para acompanhar os lançamentos? Como é conciliar a carreira de músico com o amor pelos quadrinhos?
E: Eu costumo passar nas livrarias do meu bairro, a Vila Madalena, e vejo se há algo que tenha a ver com o meu gosto. Os mangás são espetaculares. As histórias de terror orientais são fantásticas e ainda saem por aí.
Q: Você é um confesso fã de quadrinhos, principalmente os europeus. O que te atrai na produção europeia?
E: Os europeus costumam ser mais livres de pressões religiosas e políticas. Não existem patriotadas como nos americanos. Além disso, os textos são muito inteligentes e os traços de um realismo surpreendente, sem querer a afetação intelectualóide dos criadores do universo DC e Marvel.
Q: Sidney Gusman (editor da MSP) declarou na Fest Comix de 2012 que “quadrinhos nacionais tem muito mais similaridades com quadrinhos europeus”, você concorda? E como você vê hoje o mercado nacional?
E: Eu penso que sim. Há um modo de mostrar o dia-a-dia brasileiro com detalhes que os europeus buscam também.
Q: Além de fã, você também é um colecionador. Quais são os “tesouros” mais queridos da sua coleção?
E: Eu tenho os 30 primeiros números do Thor lançados no Brasil, pela Vechi, nos anos 70. Tenho autografado um álbum do Moebius e Janjetov (autógrafo desse grande sérvio), tenho os livrinhos do Marcatti, ainda na sua gráfica caseira, na sua pequena casa. E tenho lindos livros do Mandrake.
Q: No seu álbum “Amigos Invisíveis” você fez a música “Amor em B.D.”, homenageando algumas musas, dente elas famosas personagens dos quadrinhos, como Barbarella, Sheena, Valentina, Vampirella… De onde surgiu essa ideia?
E: Essa época era minha fase de ouro como colecionador. Existia a Opera Erótica da Editora Martins Fontes e foi de lá que varias heroínas surgiram em minha letra.
Q: E porque essas musas?
E: São lindas, fortes, inteligentes e estimulam a imaginação masculina!
Q: Pra finalizar… Quais quadrinhos você recomenda a qualquer leitor ter em suas coleções?
E: Eu recomendo, se o colecionador for adulto, Guido Crepax, Milo Manara e Enki Bilal, todos gênios e muito sérios em suas criações. Se for criança, eu adoro o Moomin, desenho maravilhoso e texto de uma ingenuidade que hoje faz bem até de ler. Se não me engano, é finlandês, ou sueco.
Moomin, de Tove Jansson
(Nota da Quadrim: Moomin é de autoria de Tove Jansson, um finlandês que faz parte de uma minoria que fala um dialeto sueco. Outro nome bem conhecido dessa minoria é Linus Torvalds, criador do Linux).
Nerds e Apaixonados por cinema, séries de TV, animação, games e, especialmente, quadrinhos; os membros da Quadrim se reúnem aqui pra dar sua opinião, mesmo sem ninguém pedir, sobre todos os assuntos que fazem parte desse maravilhoso mundo.
Espaço interessante para que se possa conhecer colecionadore “ilustres”. Em relação aos entrevitados, vocês já pensaram no pessoal da Web Comics? Tem muita coisa interessante por lá. Aliás, “tirinhas” também seria um bom tema para a Quadrim de forma geral.
Só dizemos: aguarde…