G.I. Joe: Retaliação
EUA , 2013 – 110 min.
Direção: Jon M. Chu
Roteiro: Rhett Reese, Paul Wernick
Elenco: Bruce Willis, Dwayne Johnson, D.J. Cotrona, Channing Tatum, Jonathan Pryce, Ray Stevenson, Adrianne Palicki, Ray Park, Byung-hun Lee, Arnold Vosloo
Antes de qualquer coisa, sejamos extremamente sinceros uns com os outros: O que você espera quando vai ao cinema para assistir a um filme baseado em uma linha de brinquedos?
Profundidade do roteiro? Atuações dignas do Oscar? Indagações profundas sobre a psique humana ou respostas sobre o sentido da vida?
Porque, se for, talvez você esteja assistindo aos filmes errados.
Eu gostei do primeiro G.I Joe: A Origem de Cobra. Achei um bom filme de ação, com a dose certa de humor, um elenco interessante e o fato de ver brinquedos que fizeram parte da minha infância ganhando “vida”.
A nova sequência, no entanto, aproveita pouco do material original (A Baronesa, antes que perguntem, não dá as caras, assim como Scarlett, General Hawk e praticamente o elenco anterior inteiro), mas se beneficia do fato de não precisar explicar a origem dos heróis e dos antagonistas.
O filme deixa claro que se trata de uma sequência (e não um reboot) ao manter o personagem Duke (Channing Tatum) na liderança do batalhão e o Presidente dos Estados Unidos (Jonathan Pyrce), que foi substituído no fim do filme anterior mas, fora isso, traz um tom radicalmente diferente, deixando claro os novos rumos desejados para a franquia.
Fazendo a acertada escolha de deixar o grupo mais “realista” (na medida do possível) do que o filme anterior, aqui fica claro que os Joes são um destacamento especial do Exército, executando missões militares na Coréia do Norte e, posteriormente, no Paquistão, felizmente sem o uso de armas laser ou de descargas sonoras, mas com as boas e velhas armas e munições “de verdade”.
Logo no início do filme, vemos a relação entre Duke e Roadblock (Dwayne Johnson), que deixa claro que existe muito mais do que hierarquia, respeito e companheirismo, e sim uma amizade verdadeira, um sentido de “irmãos de armas” que permeia e dita a dinâmica do filme do inicio ao fim.
O fiapo de roteiro mostra basicamente o impostor Presidente americano acabando com a unidade Joe e declarando guerra ao mundo, em uma trama bem típica dos desenhos e quadrinhos dos anos 80, quando o vilão queria “dominar o mundo”, mesmo que fosse necessário destruí-lo no processo (mas aí o que sobraria para governar?).
Depois de uma bem sucedida missão, os Joes são traídos, deixando apenas três sobreviventes, agora renegados e perseguidos pela nova força de segurança dos EUA, os Cobras: Roadblock, Lady Jane (Adrianne Palick) e Flint (D.J. Cotrona, que não tem a menor função no roteiro e se tivesse sido limado não teria feito a menor diferença).
O trio percebe que existe algo de errado com o Presidente e, perseguidos e renegados, só podem confiar em uma pessoa: O Joe original, que formou a equipe que agora leva seu nome, Joe Colton (Bruce Willis, mitando).
Willis aproveita seu pouco tempo em tela para usar de todo seu carisma (e olhos apertados) como o General que deu nome ao destacamento do Exército. Mais uma vez interpretando um personagem “velho” (mas que coloca qualquer um dos jovens no bolso), nenhum dos seus poucos minutos de tela é desperdiçado e, cada vez que ele aparece, é garantia de boas risadas ou de boas cenas de ação (E, sem ele, os heróis não teriam o armamento necessário para realizar suas missões).
Aliás, se o roteiro não é dos mais brilhantes, também não é ofensivo, e as cenas de ação muito bem pensadas e realizadas não decepcionam. A cena de Snake Eyes e Jynx nas montanhas, que já aparecia nos trailers, é de encher os olhos e te deixar de queixo caído (um pouco pela sensacional sequência de ação, em muito pela absurda estupidez dos ninjas inimigos) e, para qualquer um que conheça o universo dos Joe ou tenha curtido os “bonequinhos” quando era pequeno, não existe satisfação maior do que ver Snake Eyes (Ray Park) e Storm Shadow (Byung-hun Lee) lutando “back to back”.
Aliás, o grande mérito do diretor Jon M. Chu foi realmente trabalhar com o material base, fazendo um filme de fã, para fãs. Então estão lá Roadblock, Comandante Cobra com o visual que VALE, Firefly (Ray Stevenson), Lady Jane, Zartan (Arnold Vosloo, com uns dois segundos em tela) e todos aqueles carros, tanques e helicópteros que a gente praticamente obrigava os pais a comprarem para nós.
O “Plano de Desarmamento” e dominação mundial do Comandante Cobra é estúpido e não faz o menor sentido, e assim como a destruição da Torre Eiffel no filme anterior, o resultado do “exemplo” dado pelo Presidente Zartan em Londres teria alterado o cenário Geo-Político do Mundo para sempre, mas é completamente esquecido alguns minutos depois do ocorrido, deixando bastante claro que o visual foi infinitamente mais importante do que o conteúdo.
O filme ficou pronto no ano passado, mas foi atrasado em mais de um ano para que a conversão em 3D pudesse ser feita com qualidade (e porque ingressos 3D são mais caros). Na época, veículos especializados diziam que as exibições teste não tinham sido bem aceitas, devido ao destino de Duke, e que o atraso seria o resultado das refilmagens para incluí-lo novamente na estória, o que não acontece.
A saída de Duke faz sentido para que o eterno The Rock possa assumir o papel de protagonista, e ele o faz com unhas, dentes e carisma para dar e vender, entregando-se pra valer e deixando claro o quanto está se divertindo com tudo aquilo e, no fim das contas, o atraso realmente foi usado para fazer a conversão em 3D, que ficou muito bem feita, permitindo uma melhor imersão do espectador no filme, especialmente nas cenas na montanha.
O filme foi um sucesso de bilheterias e mal estreou, já recebeu a luz verde para a produção do terceiro episódio, o que deixa claro que a decisão do estúdio de dar mais tempo para o diretor refinar seu filme fez valer o investimento, garantindo uma franquia lucrativa – e divertida – para a Paramount.
Se o próximo for tão divertido quanto este, sem descambar para a comédia, e continuar trazendo o Joe mais sensacional de todos os tempos (Joe Colton, óbvio), podem continuar contando comigo (e com a esposa que vai arrastada, mas garante um ingressinho a mais na bilheteria).
Ah, bom! Estava estranhando, o filme estreou e o Márcio não comentava nada… Num filme com Bruce Willis, a análise do Márcio é obrigatória!
eu gostaria de ver desenho da Marvel no yuotube.