Por Octávio Aragão
Traços cinéticos, com jeito de sketch publicitário, Carmine Infantino era um estilista das HQs, cuja identidade residia mais nos esboços que na finalização e, talvez por isso, nem sempre agradasse aos leitores acostumados com os escorços de Neal Adams e John Buscema ou a fúria contida do desenho de Jack Kirby e Jim Steranko.
Se Kirby era o Rei, Infantino era o Deus da Velocidade. Quando desenhava personagens como Flash ou Adam Strange cedia a eles uma agilidade única, que, infelizmente, nunca gerou seguidores.
Apesar de conhecer suas histórias desde muito cedo, a primeira vez em que li o nome de Carmine Infantino – assim, completo, nome e sobrenome – foi em 1977, na contracapa da edição especial Superman contra Homem-Aranha, publicada pela EBAL, quando ele não desenhava, mas exercia na DC Comics um papel semelhante ao de Stan Lee, na Marvel. Já ouvi dizer que sua fase como editor foi conturbada, mas isso nunca me impressionou como o dia em que dei com o nome dele nas HQs da Era de Prata que eu tanto curtia.
A partir desse momento, aprendi a reconhecer um estilo e o mal estava feito. Deixei de lado o menino que era fã de personagens e pulei para o estágio seguinte: identificar os criadores pela obra. Era só olhar para um desenho e afirmar com certeza absoluta se era um Kubert, um Kane ou um Curt Swann. Isso, senhoras e senhores, tem nome. Chama-se maturidade. E boa parte da pouca que possuo devo a esse artista controverso.
Adeus, Carmine.
Mas, se possível, volte rápido.