Nêmesis
Autores: Mark Millar (roteiro) e Steve McNiven (arte)
Editora: Panini
116 páginas
Exemplar gentilmente cedido pela loja Comix.
Eu não posso negar: Eu adoro Mark Millar! As frases de efeito, a ação desenfreada, as estórias completamente sem noção… Não sei dizer o que me atrai mais, mas não tem como negar, é uma das minhas leituras favoritas.
Os Supremos, para mim, é a melhor coisa que já apareceu desde que algum maluco inventou as histórias em quadrinhos. Até hoje repito para os amigos algumas das frases clássicas do Volume Um… E é inegável que se você não gostar de ouvir “Hulk não é bichinha, Hulk é Espada” e “Esse A na minha testa não é a inicial da França”, sinto dizer, mas quem tem problemas é você…
Mark Millar é, além de excelente escritor e beberrão semi-profissional, um dos maiores marqueteiros do mercado. Ele sabe como ninguém vender a própria obra, e essa é uma de suas maiores características.
Com Nêmesis, não foi diferente. Depois do sucesso absurdo de Guerra Civil, ele divulgou a nova parceria com o desenhista Steve McNiven da maneira mais bombástica possível: “O que aconteceria se o Batman fosse o Coringa?”.
E a premissa da série, bastante simples, é só essa. Parafraseando a Panini:
“Ele é um filho do privilégio, herdeiro de bilhões após a morte de seus pais. Possui uma frota de carros de luxo, um hangar cheio de aviões e incontáveis traquitanas tecnológicas ao seu dispor. Trajando uma máscara e uma longa capa esvoaçante, ele é um homem de branco lutando incansavelmente pela causa em que acredita“.
Só que essa causa, em Nêmesis, é ser o único supercriminoso de um mundo que, teoricamente, deveria ser baseado em nosso mundo “real” (mas você não tem como comprar essa ideia praticamente desde a página um, já que as ações de Nêmesis são tão grandes que não teriam como existir em lugar nenhum além da mente deturpada de Millar).
O passatempo de Nêmesis, basicamente, é escolher algum país da Ásia, causar o maior número possível de estragos e em seguida matar o chefe de polícia, se possível da forma mais exagerada e espalhafatosa possível.
Depois de atuar na China, Coréia e outros lugares do gênero, ele decide concentrar sua atenção em Washington, nos Estados Unidos, e o chefe de polícia Blake Morrow, um policial honesto, católico exemplar e pai de família de comercial de margarina (que aqui representaria o papel do Comissário Gordon).
Sem entregar muito, mas para dar uma ideia da epicidade de Mark Millar, Morrow não se intimida com a ameaça de Nêmesis, que para mostrar que não está para brincadeira, simplesmente sequestra o Presidente dos Estados Unidos.
E a forma que ele faz isso tem que ser das coisas mais malucas que já vimos em uma história em quadrinhos.
Millar não gasta tempo colocando questões existenciais na trama (se realmente só houvesse um super-vilão no mundo, ninguém teria a brilhante ideia de assumir o papel de um “super-herói”? Toda força policial do mundo é composta por completos idiotas e incompetentes, incapazes de pegar um único homem? O cidadão comum nada faria vendo um cara vestido de branco cometendo o maior número possível de barbaridades em plena luz do dia? Os próprios capangas dele não seriam os primeiros a se tocarem de que seria muito perigoso andar junto com um maluco desse, preferindo entregá-lo?), preferindo entregar cena de ação atrás de cena de ação, com um mínimo de roteiro para colar uma situação na outra.
Definitivamente, Nêmesis não é leitura para quem busca profundidade, seriedade ou mudar sua visão de mundo. É uma diversão pura e simples, recheada de palavrões, frases de efeito, explosões e plot twists típicos de Mark Millar (polêmicos e sem o menor sentido).
Michael Bay adoraria adaptar Nêmesis para o cinema. Os direitos, tratando-se de Millar, já foram vendidos antes mesmo do gibi ser publicado e o diretor Tony Scott já estava contratado para dirigir o filme.
O projeto por enquanto está parado, depois que Scott se matou (e em outras épocas eu diria que o motivo foi ter lido o material original que ele teria que adaptar, mas os colegas da Quadrim coibiram meu humor negro depois do Quadrimcast de Y).
Enfim, a leitura vale muito a pena para quem quer dar boas risadas e se impressionar com a espetacular arte de sempre de Steve McNiven, simplesmente um dos melhores desenhistas do mercado, cuja arte combina perfeitamente com as loucuras de Millar (além de Guerra Civil, eles também trabalharam juntos em Old Man Logan, talvez a única coisa decente feita com um dos piores personagens dos quadrinhos recentes).
São 116 páginas pelo preço sugerido de apenas alguns reais, que você pode encontrar na Comix e, mesmo não sendo o trabalho mais brilhante de Mark Millar, ainda é muito melhor do que qualquer coisa que a DC publicou ou venha a publicar nos próximos vinte e cinco anos.
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