Se Beber, Não Case 3 (The Hangover 3)
EUA, 2013 – 100 min
Direção: Todd Phillips
Roteiro: Todd Phillips
Elenco: Bradley Cooper, Ed Helms, Zach Galifianakis, Ken Jeong, John Goodman, Melissa McCarthy, Justin Bartha
Dirigido por Todd Phillips em 2009, o filme “Se Beber, Não Case” (em mais um exemplo de como os distribuidores brasileiros podem ser verdadeiros imbecis na hora de tentar traduzir o nome de um filme), era uma comédia verdadeiramente original, politicamente incorreta, que mostrava as desventuras do grupo de amigos Phil (Bradley Cooper), Stu (Ed Helms), Doug (Justin Bartha) e Alan (Zach Galifianakis) que, depois de uma despedida de solteiro, acordava em uma suíte de hotel em Las Vegas sem a mínima ideia do que tinha acontecido, apenas para descobrir que um deles estava desaparecido, tinham um tigre no banheiro e um bebê dentro do armário.
Em busca de respostas e do amigo desaparecido, eles precisavam refazer seus passos e com isso, se metiam em confusões cada vez maiores, que envolviam desde o casamento com a prostituta carinhosa Jade (Heather Graham) até o envolvimento de um criminoso oriental afetadíssimo, o Sr. Chow (Ken Jeong).
Em um mundo habitado por Adam Sandler ou Martin Lawrance, o filme era genuinamente inovador, sem precisar apelar para as piadas com funções fisiológicas e capaz de arrancar gargalhadas até do ser humano mais ranzinza (e sim, Leandro Laurentino, estou falando com você), gerando identificação imediata em qualquer um que tenha feito faculdade e acordado pelo menos uma vez na vida sem ter a mínima ideia de onde estava ou como foi parar ali.
Acima de tudo, era um filme fechado em si mesmo, com uma estória que não previa continuações. Mas o que fazer se você é um executivo de Hollywood que tem em mãos um filme de baixo orçamento (35 milhões) que fatura mais de 500 milhões ao redor do mundo?
Explorar a franquia de qualquer forma, oras!
Depois de uma sequência que foi praticamente um remake do original, mudando apenas as locações (De Las Vegas para a Tailândia), incluindo um macaco e aumentando a participação do Sr. Chow, o diretor Todd Phillips e o elenco se reuniram para tirar suco de pedra e tentar explorar o máximo que pudessem os conceitos realmente originais criados em 2009.
Para isso, optaram por uma estratégia que já não tinha se mostrado promissora no último Piratas do Caribe: Promover o alívio cômico que deixava os primeiros filmes interessantes para protagonistas e, com isso, mostrar que eles funcionavam muito melhor em doses homeopáticas.
Assim como os maneirismos de Jack Sparrow roubavam a cena como o coadjuvante engraçadinho, mas se tornam exageradas e desinteressantes quando vistas o tempo TODO, as loucuras e as infantilidades de Alan, que tornavam o personagem responsável por boa parte das risadas do primeiro filme, se tornam aqui o centro das atenções, transformando-o em alguém simplesmente insuportável.
Mas o maior erro do filme é, sem dúvida, promover não Alan, e sim o Sr. Chow a protagonista máximo do filme. E se o personagem surgia de forma sensacional no primeiro filme e se tornava marcante no segundo, aqui ele se torna ainda mais irritando do que Alan, já que suas afetações e seus MÓDAFOQUERS arrancavam risadas quando apareciam pouco e, por isso, eram mais valorizadas.
Mostrando um visível – e bem vindo – distanciamento dos filmes anteriores (o segundo foi muito criticado por ser praticamente um remake), o filme já abre de forma totalmente distinta, focando na fuga do Sr. Chow durante uma rebelião no presídio de Segurança Máxima e as trapalhadas de Alan, que acaba de comprar uma Girafa e decide levá-la de carro para casa, uma decisão que obviamente trará consequências desastrosas.
Depois da morte do pai de Alan (diretamente ligada ao episódio da Girafa), os amigos Phil e Stu decidem apoiar a decisão de Doug e sua esposa de fazer uma intervenção e internar o cunhado, para que ele pare de infernizar sua família.
Com a reunião do “bando de lobos”, Alan concorda a contra gosto com a proposta e, durante a viagem até a Clínica, o grupo é interceptado pelos capangas de Marshall (John Goodmand), entre eles o Black Doug (Mike Epps) que teve 21 milhões de dólares roubados pelo Sr. Chow depois dos eventos do primeiro filme, e sequestra O Doug original para pressionar o restante do grupo a encontrar o oriental em três dias, ou eles matam o amigo.
Trazendo um tom muito mais “sombrio” dos que os primeiros, Alan, Stu e Phil se veem obrigados a viajar até o México para encontrar Chow e, posteriormente, voltar à Las Vegas do original (marcando também o retorno de Heather Graham e de Carlos, o bebê do primeiro filme, agora em versão crescida cuti-cuti), na tentativa de recuperar o dinheiro de Marshall e, assim, conseguir a libertação de Doug.
Com uma outra cena capaz de arrancar alguns risos, o filme mais irrita do que diverte, chegando ao cúmulo de incluir Melissa McCarthy no elenco, que é algo que sinceramente, ninguém merece.
E se as fotos durante os créditos dos longas anteriores eram a melhor parte dos filmes, nem isso temos neste prometido (e espero que cumpram) última sequência da franquia, sendo substituída por uma cena pós-créditos (relaxem, a cena vem logo depois dos créditos do elenco principal) que realmente consegue, nos seus poucos segundos, ser mais interessante e divertida do que o filme inteiro que acabamos de assistir.
Resumidamente, um triste fim para uma franquia que, desde o início, nunca teve motivo para se estender além do primeiro filme.
A inspiração da minha despedida de solteiro (no futuro)