Quadrim Comenta - Antes de Watchmen: Coruja

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Autores: J. Michael Straczynski (roteiro), Andy Kubert (arte) e Joe Kubert (arte-final)
Editora: Panini
108 páginas
Este encadernado reúne as edições 01 até a 04 de Before Watchmen Nite Owl

Existem várias formas erradas de você começar a ler uma série chamada “Antes de Watchmen”.

Você pode começar a lê-la pensando na importância que Watchmen teve para os quadrinhos como um todo, em como Watchmen é a melhor história em quadrinhos da história e, aqui seria onde você começa a errar, ou em como qualquer coisa que leve Watchmen no nome obrigatoriamente macula a história original. Pra esse pensamento o que posso dizer é: Meu encadernado de Watchmen continua ali na estante, com absolutamente o mesmo número de páginas, os mesmos quadros e, pasmem, o mesmo roteiro. Nada foi “maculado” após o lançamento desta série, posso garantir e os convido a fazerem o mesmo. Chequem suas respectivas versões de Watchmen e vejam se alguma coisa mudou ali em decorrência do lançamento da série Antes de Watchmen.

Outra forma errada de começar a ler essa série é exigir dela a mesma qualidade da original. Amigos, estou absolutamente certo de que não existirá outra obra como Watchmen. Seja lá pelo motivo que for: Mudança do momento histórico, influência comercial, mudança do próprio público leitor… Enfim, nada que seja publicado nos quadrinhos alcançará o mesmo impacto, tenha os mesmos personagens, o mesmo nome e etc…

Partindo desse princípio não há razão para reclamarmos da existência da série.  Devemos, isso sim, analisar a qualidade das histórias por elas mesmas. E é isso o que faço aqui com o primeiro volume publicado pela Panini: Coruja.

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O que posso dizer é que é uma história bem simples, o que é uma coisa muito boa. Em especial se lembrarmos que o autor, J. Michael Straczynski, tem um histórico não muito bom quando resolve “inventar” coisas muito diferentes das versões originais dos personagens com os quais trabalha (sim, estou fazendo você lembrar do Homem-Aranha, desculpa). A arte de Andy Kubert cumpre seu papel e lembrando que a arte-final dessa série foi o último trabalho de Joe Kubert antes de seu falecimento. Enfim, não temos aqui uma obra-prima dos quadrinhos mas uma boa história, de leitura fácil e que diverte.

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É uma história policial enfocando obviamente o Coruja e um pouco de sua parceria com o Rorscharch, ressaltando bastante as diferenças de pensamentos entre ambos. A dupla, por suas próprias razões e traumas infantis, investiga uma série de assassinatos a prostitutas na área onde atua. As referências a Watchmen são muitas, mas podem largar as tochas, elas respeitam bastante o material original. Inclusive alguns detalhes da série original são importantísimos no decorrer da história, como por exemplo a foto que Sally encontra  enquanto estava no apartamento de Dan, onde uma suposta vilã mascarada, a Dama do Crepúsculo, autografa e deixa beijos para o Coruja.

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A relação entre o Coruja e a cafetina/prostituta/dominatrix/vigilante Dama do Crepúsculo é um dos pontos altos da história. Não tenho o original em inglês, mas fico curioso para saber como ficou no original o título do terceiro capítulo “Trepar por aí” e os vários trocadilhos com o verbo feitos ao longo da história.

Outras piadas com a série original também são bem sacadas. Ssem dar muitos spoilers, achei muito sutil e inteligente o momento em que Coruja e Rorscharch decidem se separar: Dan diz que vai para a esquerda e seu companheiro ultra-direitista responde dizendo que ele “tem preferido a esquerda faz tempo” .

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Uma das coisas que me incomodaram foi o momento do estabelecimento da parceria entre Coruja e Rorscharch. Muito simplista, pouco trabalhada. Talvez isso seja melhor explorado no volume dedicado ao próprio Rorscharch, mas não apostaria nisso. Outra coisa que me incomodou mais ainda foi Dan ser uma espécie de sidekick de Hollis Mason (o Coruja original) e de essa parceria ter começado muito “à lá Tim Drake”.

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Sobre a história dos “Contos do Cargueiro Negro” que fecha a edição não tem muito a se dizer. É só um pequeno início (6 páginas) nada empolgante, pra dizer a verdade.

No fim achei bem positivo esse primeiro volume e ficarei satisfeito se as outras edições mantiverem o mesmo grau de qualidade. Estou aqui cruzando os dedos.

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Leandro Laurentino

Leandro aprendeu a ler com histórias em quadrinhos e desde então não consegue passar mais do que alguns dias sem estar lendo alguma HQ. Fã de filmes, séries e livros de fantasia e ficção científica é ainda o menos nerd dos membros da Quadrim. Será?

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Comentários

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4 Thoughts on “Quadrim Comenta - Antes de Watchmen: Coruja

  1. Bem, desculpe pela demora em comentar, mas somente li agora. Não li com o intuito de encontrar algo tão bom quanto o original, mas tenho que afirmar que, mesmo assim, me senti decepcionado. Basicamente li uma história do Batman, Robin, Mulher Gato (um pouco mais picante, verdade seja dita), porém encarnados em personagens diferentes. Digo isso sendo fã de Batman, meu personagem favorito. Enfim, não esperava uma obra prima, mas ao menos uma história um pouco mais original. Nas várias vezes em que o Coruja lembrava da mãe, juro que quase vi várias pérolas caindo no chão e um menino chorando sobre o corpo dela, mas acho que foi só impressão. Logo, o primeiro volume não me empolgou, mas como já fiz a assinatura da série e torcer para os outros serem melhores.

  2. Esse Douglas aí é o Mussarela?

    Se estas são formas erradas de ser ler Before Watchmen, então a única forma correta de lê-la é não ler Watchmen antes.

    Antes de tudo, deixe-me esclarecer: não considero Watchmen a melhor obra em quadrinhos já criada; na verdade, não é nem o melhor trabalho do Moore (prefiro V de Vingança). E também não li Before Watchmen.

    Mas quero discordar de um ponto de vista: o de que é possível ignorar tudo que se sabe sobre a série ao ler o spin-off. Isso é impossível. Embora eu concorde que as expectativas não deveriam ser com relação a uma repetição dp sucesso da primeira obra, uma vez que esta é fechada em si – no sentido que ela tem começo e fim – e não foi concebida com intenção de gerar “filhotes”, não é possível simplesmente ignorar a série original e esperar por uma história só razoável.

    É bobagem esperar uma repetição do original, mais do mesmo. Mas não é nada errado esperar um padrão de qualidade.

    Imagine um filme do Batman em que Bruce Wayne sofreu um acidente envolvendo um relâmpago num laboratório, desenvolvendo supervelocidade e esqueleto de adamantium. Você vai conseguir assistir a essa quebra de conceito quieto? Acho que não. Pode até resultar num bom filme. Mas é improvável.

    Aliás, você mesmo vai contra esse seu argumento de analisar a série fora do contexto externo ao dizer que a história é boa por ser simples, uma vez que o roteirista faz merda quando inventa moda. Ora, se o problema é ignorar o trabalho prévio de Moore pra analisar a obra isolada, é igualmente parcial comparar o trabalho atual do roteirista com sua obra anterior.

    Outra coisa que discordo é que uma sequência não arrisca a estragar a história original. Claro, o que foi escrito e impresso não mudará. Mas o SIGNIFICADO dos acontecimentos pode mudar. Aconteceu, por exemplo, na saga dos clones, quando você descobre que Peter Parker é apenas um clone, e que o original estava por aí em amnésia (no fim da saga dos clones). Ou então naquele filme ridículo do Crepúsculo, onde você descobre que a batalha final nada mais era que uma previsão da, nas palavras do Felipe Neto, vampira-Mãe-Dinah.

    SPOILER!!!! (do Crepúsculo não avisei, quem gosta daquilo merece spoiler na fuça).

    Outro exemplo que estragou bem o que poderia ser um excelente fechamento de uma trilogia foi Batman: The Dark Knight Rises. Bane vinha sendo um vilão do mesmo naipe do Coringa (não tão bom quanto, mas da mesma categoria). Até que você descobre que, na verdade, ele é só um peãozinho, que a fodástica era uma Talia Al’Ghul muito da mal trabalhada. Substituiu um vilão FODA por um pau mandado + surpresa Shyamalan style (Que só funcionou num filme, aliás).

    Claro, você pode simplesmente ignorar o que foi escrito posteriormente e considerar apenas aquilo que considera de qualidade. Eu mesmo faço isso com séries: assisto apenas até onde a série ainda não foi estragada pelo esgotamento da fórmula ou simplesmente esticamento dos plots por conta de audiência. Mas uma coisa que você não vai poder mudar é que a sequência foi escrita. Numa discussão sobre o assunto, isso pode ser bastante frustrante. E se você é nerd como eu, provavelmente gosta de discutir esse tipo de coisa (Superman x Goku, etc).

    Provavelmente vou acabar lendo Before Watchmen (o do Douglas, aliás. rs). E mesmo sabendo que não é do Moore, quero um trabalho de qualidade. Existe uma responsabilidade com o trabalho anterior, e espero algo mais do que um gibi meramente comercial, com intuito de ordenhar o público por mais uns trocos. Se eu gostasse disso, assistia novela. 😛

  3. Leandro Laurentino|

    Fex, na verdade eu, em nenhum momento, digo para ignorar a série original. Inclusive cito que uma das coisas de que mais gostei na história foram as referências feitas a ela.

    O que eu enfatizo é que não se pode pre-julgar uma obra só porquê ela foi baseada em uma outra muito boa. As histórias podem ser ruins? Podem. O fato de elas não estarem no mesmo nível de Watchmen já faz com que elas sejam automaticamente ruins? Claro que não. Seria como dizer que todas as histórias em quadrinhos que não se encontram entre os clássicos do gênero são ruins, pensamento do qual discordo completamente.

    Quanto ao significado da obra original mudar por conta de um prequel discordo completamente. Até porquê se você realmente ler as histórias vai ver que nada ali vai CONTRA o original. Ressaltando novamente: Pode não ter a mesma qualidade (e dificilmente teria) mas não influenciam na obra original de forma que possa fazer com que você passe a enxergá-la de forma diferente.

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