Quadrim Entrevista - Raphael Fernandes

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Mais uma semana, mais um Quadrim Entrevista. E pra hoje, trazemos um bate-papo muito bacana com um cara que vive/respira/ama quadrinhos. Ninguém menos que Raphael Fernandes, editor da MAD, da Editora Draco, do blog Contraversão, do podcast ContraAudição… Sim, ele faz tudo isso e ainda cria quadrinhos!

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Quadrim: Raphael, a pergunta básica que fazemos aos entrevistados: como você começou a ler quadrinhos? Quais são seus artistas, personagens, histórias preferidas?
Raphael: Comecei a ler quadrinhos aos 5 anos de idade, quando um amigo do meu pai me deu uma edição da Kripta. Eu tinha tanto medo da revista, que escondia ela no meio de uma lista telefônica. Neste mesmo ano, ganhei gibis de super-heróis de uma tia. Depois disso, meu pai me contou de um baú de quadrinhos da Ebal que tinha em Angelim, Pernambuco, mas que ficou por lá quando ele veio para São Paulo. Li mais uma porção de coisas, como MAD, Chiclete, Turma da Mônica e tirinhas na coleção de um primo do meu pai. Também devorei muita HQ nas idas ao hospital em crises asmáticas.

Meus quadrinistas favoritos são muitos: Laerte, Alan Moore, Richard Corben, Al Jaffee, Grant Morrison, Lourenço Mutarelli, Mike Allred, Guy Delisle, Robert Crumb, Warren Ellis e outros. Personagens: Monstro do Pântano, Constantine, Hellboy, Dylan Dog, Lobo Solitário, etc. Histórias favoritas: V de Vingança, Os Invisíveis, Preacher, Superman – Red Son, Batman – O Cavaleiro das Trevas, Bakuman, Gen Pés Descalços, Torpedo, Love and Rockets… Tem um monte de coisas nacionais e gringas que eu adoro.

Quadrim: Talvez muitos não saibam, mas antes de trabalhar com quadrinhos, você foi professor! Como você foi sair de um emprego no ensino público e ir trabalhar com a nona arte?
Raphael: Foi libertador. Parei de fazer algo que eu detestava e encontrei a coisa que mais gosto de fazer nessa vida. Sem falar que eu comecei de baixo pra cima, podendo aprender o máximo que podia em todos os processos. A experiência de ser editor assistente na Mythos/Panini foi quase a realização de um sonho.

Quadrim: Você começou trabalhando na Panini, até se envolver com a revista mais humorística do Brasil (não tem como deixar de falar dela)… Como é ser o editor da MAD?
Raphael: Na verdade, eu comecei trabalhando para a Mythos Editora que presta serviço para a Panini. Lá, eu ajudava com Marvel e DC, além de editar edições especiais da MAD da Mythos e alguns quadrinhos da Marvel para a criançada. Quando a MAD foi pra Panini acabou passando pras minhas mãos e o resto vocês já sabem. Sou o editor da MAD há 5 anos e nem preciso dizer que é a melhor forma de ganhar cerveja grátis e quebrar o gelo em uma conversa. Pude dar oportunidade para muito cara bom do quadrinho nacional trabalhar! O que já vale pra pagar muito carma ruim!

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Quadrim: Pra você, qual o segredo da longevidade da MAD aqui no Brasil, ainda mais hoje com concorrência da Internet e seus milhares de sites/blogs/fanpages/twitters de humor?
Raphael: O segredo da longevidade foi o Ota, que criou um modo brasileiro de fazer a MAD que conquistou toda uma geração de leitores, que acabou influenciando seus filhos. Hoje, temos a renovação do público acontecendo graças ao desenho animado. Estou tentando preservar o legado, mas os desafios não são poucos. É quase um trabalho missionário.

Quadrim: Além da MAD, você também é o editor da área de quadrinhos da Editora Draco. Como surgiu essa oportunidade?
Raphael: A Editora Draco abriu seleção para a coletânea Imaginários em Quadrinhos e mandei o roteiro de “A Revolução Não Será Compartilhada” com arte do Dalton. O publisher Erick Sama aprovou o roteiro. Tentei uma vaga no volume 2 com o roteiro do prequel de “Apagão“, com a arte do Camaleão, e foi aprovado também. Quando comecei a perguntar muito sobre quando seria lançado… O Erick me disse que precisava de alguém pra organizar o projeto. Aceitei o trabalho na hora. Era a oportunidade que eu estava esperando para produzir meus quadrinhos.

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Quadrim: A Draco vem investindo fortemente no formato de antologias, inclusive nos quadrinhos com a obra “Imaginários em Quadrinhos – Volume 1“. O que podemos esperar de novidades da Draco nessa área? Novas antologias ou obras completas? Algum projeto futuro que já possa ser revelado?
Raphael: Sim, estamos fazendo diversas coletâneas de quadrinhos, mas fora os próximos volumes da Imaginários, não posso revelar muita coisa. O que posso adiantar é que queremos fazer quadrinhos adultos de qualidade. Também vamos publicar alguns álbuns de grandes talentos do quadrinho nacional.

Quadrim: Além de editar a MAD e cuidar da Draco, você ainda encontra tempo pra criar e roteirizar obras autorais como “Ditadura no Ar” e “Ida e Volta“. O que o motiva ao criar uma obra sua?
Raphael: Sou o tipo de pessoa que fica inquieto o tempo todo. É como se a minha cabeça nunca parasse de criar coisas e gerar ideias para histórias. Gosto de observar as pessoas, ler muitos livros, ver filmes interessantes e cutucar meu cérebro com ideias malucas. Nesse meio tempo, também aproveitei para participar de diversas coletâneas de quadrinhos: Máquina Zero, Almanaque Gótico, Canções do Mar Sombrio, Quatro Estações e o Gibi Quântico, que também estou editando.

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Quadrim: E seu projeto mais recente é “Apagão“, uma história pós-apocalíptica situada no Brasil que está buscando financiamento no Catarse. Pra quem ainda não viu, pode dizer do que se trata a obra e como surgiu a ideia?
Raphael: A história de Apagão – Cidade Sem Lei/Luz se passa na São Paulo de hoje que sofreu um blecaute definitivo, que dividiu a cidade em gangues. Entre as gangues estão os Macacos Urbanos, que sob a liderança de Seu Apoema já se preparavam para a situação. Os Macacos tentam proteger a população de gangues violentas e insanas de traficantes, racistas, fanáticos religiosos e outros grupos de aproveitadores. Enquanto isso, eles estão em busca de escolhido que segundo as previsões é o único capaz de guiá-los no apocalipse. A ideia surgiu depois do blecaute de 2009, que aconteceu enquanto eu estava no show do Gogol Bordello. Na saída, minha esposa e eu fomos surpreendidos por uma cidade totalmente vazia, apagada e sem nenhum tipo de comunicação funcionando. Aquele medo e sensação de impotência me inspirou bastante.

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Quadrim: Por que usar o Catarse e não publicar diretamente através da Draco, por exemplo?
Raphael: O projeto editorial da Draco é publicar a maior variedade possível de publicações e isso só é possível com a impressão em preto e branco. No entanto, Apagão é o tipo de história em quadrinhos que precisava ser colorida, principalmente pelo estilo do Camaleão, e a única solução que encontramos foi o financiamento coletivo através do Catarse. Sem falar que sou um grande entusiasta da plataforma e tava procurando uma boa desculpa para fazer um projeto de crowdfunding.

Quadrim: Pra finalizar, qual recado você daria a quem está começando ou pensando em começar a carreira nos quadrinhos?
Raphael: Fazer quadrinhos não é fácil e o caminho para se tornar um bom profissional da área é cheio de obstáculos. No entanto, se você realmente tiver paixão pela linguagem e ter humildade para aprender… vai longe. Tem que estudar muito, se dedicar e nunca desistir.

É isso aí, leitores, quem quiser contribuir com Apagão (por 10 reais, menos que seu lanche no McDonalds, você já garante sua edição digital), tem até o dia 05 de Julho, e o que é melhor: o projeto já está garantido!

Equipe Quadrim

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One thought on “Quadrim Entrevista - Raphael Fernandes

  1. Quando 2010 terminou, estava evidente o grande momento que os quadrinhos estavam vivendo. E isso não só se consolidou, como se expandiu em 2011. Foi um ano marcante para quem é fã da nona arte.

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