Death Note: Black Edition 01
Autores: Tsugumi Ōba (roteiro) e Takeshi Obata (arte)
Editora: JBC Mangás
400 páginas (8 coloridas)
NÃO CONTÉM SPOILERS
Ao contrário do que pensa grande parte de uma geração que cresceu lendo e assistindo Dragon Ball, Cavaleiros do Zodíaco, Samurai X e depois Naruto, há sim histórias adultas entre os mangás (quadrinhos japoneses). E Death Note é o melhor exemplo disso.
Conhecido no Brasil primeiro através da animação e dos filmes, distribuídos na internet pelos fãs da série, Death Note teve seu mangá publicado por aqui pela JBC entre 2007 e 2008. E volta em uma nova coleção com o dobro de páginas na chamada Black Edition, em 6 volumes, papel mais resistente que as publicações mensais da editora, distribuição exclusiva em livrarias e comic shops, ao preço sugerido de R$ 39,00.
A trama se desenvolve a partir do caderno que dá nome à história, encontrado pelo jovem brilhante Light Yagami, que permite matar qualquer pessoa que tenha o nome escrito em suas páginas. Mas para isso há algumas regras que o garoto vai descobrindo aos poucos, às vezes com a ajuda do dono do caderno e deus da morte (shinigami), Ryuk. Com a intenção inicial de melhorar o mundo matando os criminosos mais perigosos, Light passa a ser conhecido como “Kira” e idolatrado na internet.
Quem não fica contente com as mortes são as polícias dos países afetados, que se unem para tentar prender o assassino em série que consegue eliminar suas vítimas, todos criminosos, mesmo dentro das prisões. Para isso, é convocado o jovem apenas conhecido como “L”, que já resolveu diversos outros crimes para a Interpol.
Neste primeiro volume, os personagens principais são apresentados e começa o antagonismo entre L e Kira. Os dois são muito inteligentes e a caçada se torna um jogo de xadrez em que qualquer erro pode ser fatal. Ryuk observa tudo com muita atenção, se divertindo com os humanos e liberando informações sobre os poderes do Death Note apenas para fazer a trama ficar mais complexa.
O roteiro de Tsugumi Ôba é muito bom, seja aprofundando cada vez mais as características do Death Note e do shinigami, ou complicando a vida de Light Yagami. Os diálogos mantêm algumas características dos mangás como repetição e enunciar o óbvio que está acontecendo nos desenhos, mas está longe de ser cansativo. A ausência de sexo mostra que não é preciso apelar para construir uma narrativa séria e adulta.
Os desenhos de Takeshi Obata acompanham os roteiros sem invenções. Por não se tratar de um mangá de ação, algumas cenas são estáticas, porém correspondem exatamente ao necessário. E com o adicional de que Obata é um ótimo desenhista de personagens: em nenhum momento o leitor se perde na revista, as fisionomias são bem determinadas. Todos os mangás poderiam ser assim.
Porém, nem tudo é perfeito. Não é criada uma dicotomia entre L e Kira. O leitor torce por Kira/Light o tempo todo, mesmo com sua crescente megalomania. E o fato de L ser alguém que ajuda a Interpol sem revelar sua identidade soa fantasioso demais mesmo em uma história com um “deus da morte”. Os policiais são quase espectadores das ações de L, que quando se revela parece um adolescente caricato. Neste sentido, a dupla criativa optou pelo exagero no personagem, o que tira uma parte do realismo.
Mas se você gosta de histórias inteligentes, com reviravoltas a todo instante e não tem preconceito com mangás (ou se tem e quer acabar com isso), Death Note é mais do que recomendado. Pode comprar sem medo que não irá se arrepender.
Você pode comprar Death Note: Black Edition 01 no site da Comix.
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