Quadrim Comenta - Justiça: Edição Definitiva

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01JUSTIÇA: EDIÇÃO DEFINITIVA
Autores: Jim Krueger (roteiro), Alex Ross e Doug Braithwaite (arte)
Editora: DC / Panini

O que é um clássico? Hoje em dia costuma-se definir como clássicas as obras mais importantes de um determinado gênero ou, em alguns casos, as mais antigas.

Justiça não se enquadra em nenhuma dessas duas definições. Não é um clássico do gênero como seriam Watchmen, Cavaleiro das Trevas e etc… Tampouco é uma das antigas histórias da DC comics. Não é? Bom, é aí que a brincadeira começa…

De fato a minissérie foi publicada nos EUA entre agosto de 2005 e Junho de 2007. Portanto é muito recente pra chamá-la de clássica. Também não tem uma trama revolucionária como os clássicos citados acima. Mas ela é uma história clássica SIM.

Se você não teve a SORTE de acompanhar as aventuras dos superamigos contra a Legião do Mal lá pelos anos 80 talvez seja um pouco mais difícil entender o porquê de eu estar aqui dizendo que ela é clássica em sua essência, mas podem acreditar em mim (sim, esta última sentença fez eu me sentir um velho de 90 anos, malditos sejam). A essência da Liga da Justiça está toda ali. Tudo o que existe de mais importante em uma batalha de bem x mal, Super-Heróis (com S e H maiúsculo) x Super-Vilões (também com S e V maiúsculos para sermos… Justos) também está presente em toda a história.

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Confesso que realmente não achei a história tão boa quando a li publicada aqui mensalmente pela Panini em suas doze edições. Acho que em 22 páginas e com um mês de interrupção na trama ficou muito mais difícil entrar no “clima” da história como aconteceu agora com esta edição PRIMOROSA da mesma Panini encadernando todos os 12 volumes em um encadernado com uma qualidade que eu, confesso, nem lembrava que o material merecia.

Voltando a falar de clássicos a trama é dividida em três atos. Um pra cada quatro edições e com um tom bem definido pra cada um deles.

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O primeiro ato é o que apresenta o plano dos vilões (ou o que poderíamos pensar ser o plano deles). Desta vez tomando como base o eterno questionamento de: “Por quê os heróis não fazem REALMENTE diferença no mundo? Por quê ao invés de ficar trocando sopapos com outros caras vestidos em colantes eles não estão tratando de acabar com a fome no mundo, por exemplo?”. É uma boa pergunta. Não exatamente original, mas que abre portas pra muitas abordagens. E aqui durante esse primeiro ato da trama vemos os vilões detonarem a Liga da Justiça das mais diferentes formas, eliminando seus elementos-chave ao mesmo tempo em que fazem o mundo inteiro pensar no questionamento acima. O final do ato é emblemático ao mostrar um Superman, atacado por seus principais inimigos: Bizarro, Metallo, Parasita e só pra aumentar a dificuldade, colocaram o Solomon Grundy também, ajoelhado e gritando por ajuda.

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Depois da surra que tomaram no primeiro ato o segundo é o da recuperação dos heróis. Entrando em cena aqueles membros “secundários” da Liga como Homem Elástico e principalmente, já que estamos falando de uma história envolvendo Alex Ross, Capitão Marvel, inclusive, com uma cena que é uma auto-homenagem a Reino do Amanhã. E aí outra boa pergunta dá o tom do ato: “Como poderíamos esperar vencer SEMPRE? Como imaginar que um dia a maré não iria se virar contra os heróis?”. Mais um bom questionamento. E a série de imagens impactantes nesse segundo ato, realçados mais uma vez pelo formato desta edição definitiva, são de cair o queixo. A arte de Doug Braithwaite pintada por Alex Ross cria quadros sensacionais como as splash-pages da batcaverna, ou do Superman socando Batman, ou até mesmo a página em que vemos o Superman saindo do sol.

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Vários outros personagens da DC dão as caras nesse segundo ato. Com destaque para Will Magnus e seus Homens Metálicos, os Titãs, a Família Marvel, A Patrulha do Destino, os principais coadjuvantes do universo DC: Lois Lane, Comissário Gordon, Carol Ferris… Nesse ato temos também uma interessante conversa entre Batman e Superman onde o primeiro ressalta as semelhanças ente os métodos que os dois usam pra combater o crime. O segundo refuta a idéia mas o argumento que o Batman usa pra defender seu ponto de vista é excelente e do tipo: ”É verdade. Como nunca pensei nisso?”

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No terceiro ato temos talvez o momento mais controverso da trama. O redesign dos personagens. Antes de falar disso é bom lembrar que: A trama consegue dar uma boa justificativa para que isso aconteça, Alex Ross adora desenhar conceitos diferentes baseados no visual dos heróis clássicos da DC e, isso talvez seja o que mais irrita os nerds, a série tinha sim a intenção de vender action figures da mesma. Bom, eu não coleciono muitas action figures, mas não vejo como isso possa ter diminuído a graça da história. Além disso ver cenas excelentes da batalha entre Superman e Capitão Marvel, a reunião dos vilões do universo DC em um domo, sentados exatamente como apareciam nos clássicos desenhos da Legião do Mal (sem obviamente se autodenominarem dessa forma. Eu disse que era uma homenagem a coisa toda, não falei que a história era infantil como as daquela época), tudo isso é muito maior do que ficar me preocupando que existiu uma razão mercadológica pra isso ou aquilo acontecerem. Aliás as próprias HQs só existem porquê existe MERCADO pra elas, não vamos esquecer.

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Minha crítica ao terceiro ato é que, se por um lado é de uma ação ininterrupta e é isso que queremos ver em uma história de… ação. Ela parece em alguns pontos ser muito corrida. Ao ler a história podemos suspeitar que essa era a intenção do autor: Fazer o leitor se sentir também correndo contra o tempo mas algumas coisas ficam MUITO corridas. O drama da Mulher Maravilha poderia ter sido melhor explorado. A revelação do verdadeiro plano contra os heróis também não foi nada bombástica ou inesperada, mas em resumo os momentos bons superam, em muito, os que deixaram um pouco a desejar.

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Reitero que o formato da publicação contribui MUITO pro prazer dessa leitura. As imagens grandiosas foram muito favorecidas pelo formato “definitivo” adotado (Tem inclusive uma homenagem a Legião dos Super Heróis, com não amar essa série?) e o roteiro de Jim Krueger, como mencionei antes, funciona muito melhor quando lido de uma tacada só. Os extras incluem: As fichas dos heróis e vilões que já tínhamos visto nas edições mensais, ilustrações comparando a arte a lápis de Braithwaite com a mesma imagem já pintada por Alex Ross, esboços dos personagens e as introduções dos três hardcovers americanos, cada uma delas escrita por um dos artistas da série.

Enfim, é uma edição recomendadíssima pra todos aqueles que são fãs de histórias de super-heróis. Recomendo pra todos os meus (super) amigos. (#desculpa).

Leandro Laurentino

Leandro aprendeu a ler com histórias em quadrinhos e desde então não consegue passar mais do que alguns dias sem estar lendo alguma HQ. Fã de filmes, séries e livros de fantasia e ficção científica é ainda o menos nerd dos membros da Quadrim. Será?

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Comentários

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4 Thoughts on “Quadrim Comenta - Justiça: Edição Definitiva

  1. Eu disse que essa história era boa, eu disse…
    Mas uma pena que eu não senti nem o CHEIRO dessa edição em Santos.

  2. Justiça tem alguma ligação com O Reino do Amanhã?em questão de passar na mesma terra ou não tem nenhuma ligação?

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