Autores: Daniel Esteves (roteiro) e Jozz e Akira Sanoki (arte)
Editora: Editora Nemo
Acabamento: brochura
Formato: 20 x 27,3
Páginas: 64
A história do povoado de Canudos e de sua destruição pelo exército brasileiro, em fins do século XIX, é recontada na inédita HQ A Luta contra Canudos, lançamento da Editora Nemo. Partindo de referências históricas e relatos da época, o roteiro de Daniel Esteves e os desenhos de Jozz e Akira Sanoki mostram, em páginas de quadrinhos dinâmicas e detalhadas, todo o drama e a intensidade de um dos episódios mais marcantes de nossa história.
A narrativa é dividida em capítulos e interlúdios, que revelam as diferentes perspectivas envolvidas e seus personagens. De um lado, Antônio Conselheiro e seus fieis seguidores, que ergueram no sertão baiano uma comunidade que acreditava que a República era o inimigo: a cobrança de impostos efetuada de forma violenta, a celebração do casamento civil e a separação entre Igreja e Estado seriam provas disso. De outro, o exército nacional e seus soldados, que acreditavam ou defendiam os avanços políticos que a República representaria.
O texto resgata as características regionais e sociais da fala popular, ao mesmo tempo em que os desenhos constroem o cenário, os figurinos e a simbologia que envolve os personagens. Um dos pontos interessantes é que a obra flerta com a linguagem jornalística, já que apresenta múltiplos pontos de vista sem, necessariamente, designar papeis de heróis e vilões.
A brutalidade dos embates e o sofrimento dos personagens envolvidos são retratados com pertinência. A Luta Contra Canudos é imperdível para quem quer conhecer mais detalhadamente as motivações dessa guerra, assim como um presente para os apreciadores das HQs, que vão ter em mãos um trabalho consistente sobre um dos períodos mais marcantes da história de nosso país.
Além disso, é interessante notar a carga emocional presente na obra, principalmente em seu final, quando o clímax da guerra entre a República e Canudos atinge seu ápice.
Como ponto fraco na edição, e serve para até como uma dica à editora, um prefácio do autor ou editor, situando melhor o momento histórico onde se insere a narrativa, explicando brevemente o contexto que a história começa a ser contada, ajudaria leitores não conhecedores da história do Brasil a se situar. Algo que foi feito com muita propriedade em Wáluk, por exemplo.
Ainda assim, é uma boa edição, que poderia ser usada em escolas, inclusive.
Legal uma hq com temática história, ainda mais se retratam a história do Brasil!
E a história brasileira tem momentos que dá pra criar HQs em cima…