E temos mais um QUADRIM ENTREVISTA falando com autores que lançam projetos no Catarse! Hoje conversamos com alguém que quer lançar sua primeira revista via Catarse, num projeto peculiar: uma HQ de terror baseada em fatos reais! Entrevistamos TON MESSA!
Quadrim: Ton, a pergunta básica que fazemos aos entrevistados: como você começou a ler quadrinhos? Quais são seus artistas/personagens/histórias preferidas?
Ton: Meu primeiro contato com histórias em quadrinhos foi aos 9 anos de idade. Lia escondido as coleções de quadrinhos dos meus tios quando tinha os saudosos almoços de família, na casa de meu avô. Lembro das revistas Heavy Metal, Asterix, Mad, Turma da Mônica e lembro de ter coisas do Glauco também; não me lembro de tudo, mas estes foram os que me marcaram.
Artistas favoritos: Will Eisner, Burne Hogarth e Eduardo Risso
Personagens: Constantine, Lobo e Vampirella
Histórias: Sandman, Maus e Me and the Devil Blues (The Unreal Life of Robert Johnson)
Quadrim: Antes de falar de Chacal, como surgiu a vontade de ser quadrinista?
Ton: Desde meus 9 anos eu gostava de desenhar, os colegas de classe na sala de aula sempre pediam meus desenhos e foi quando tive a ideia de vendê-los, sem assinar, pois eles apresentavam estes desenhos para as pessoas como deles. Eu não me importava, pois com o dinheiro comprava mais material para desenhar e para ter minhas próprias revistinhas.
Porém, com o tempo, fui para outros caminhos. Servi o exército e depois fui trabalhar em farmácia, onde me tornei gerente, e fazia bicos como músico sem nunca deixar de lado o sonho de fazer quadrinhos, mesmo não sabendo como tornar esse último realidade. Depois de um período de muito stress na farmácia que trabalhei, onde os assaltos eram constantes e minha vida colocada em risco na mira de armas, minha namorada e mãe me incentivaram a largar esta vida e finalmente perseguir meu sonho.
Sem pensar duas vezes, larguei da farmácia e caí de cabeça nesta nova empreitada. O projeto Chacal é o primeiro passo definitivo nesta direção.
Quadrim: Falando agora do projeto. Chacal ousa ao retratar uma situação baseada em fatos reais. De onde nasceu a ideia de quadrinizar uma história tão violenta?
Ton: Quando decidi encarar um projeto autoral de história em quadrinhos, queria uma história que fosse interessante não só para mim, mas para o público em geral, uma exigência que fiz a mim mesmo é que a história deveria ter suas principais raízes no Brasil, e já como sempre me interessei por histórias de serial killers e lendas urbanas, achei esta história perfeita para unir estes temas em uma única história.
Quadrim: A obra não será uma simples transposição dos fatos para a HQ, pois haverão elementos sobrenaturais, místicos… Por que abordar o assunto por esse ângulo?
Ton: Sou um leitor assíduo não só de quadrinhos, mas também de livros e um autor que gosto muito é o Bernard Cornwell, que se utiliza de fatos históricos para contar sua própria história. Um dos livros dele que mais me marcou é “As Crônicas de Artur”, que a todo momento coloca o leitor em dúvida sobre o místico e o real, onde muitas coisas são reveladas como truques e outras simplesmente parecem mágicas; e é justamente este conflito que pretendo apresentar ao leitor, fazendo-o refletir interpretar e discutir, pois não deixarei pontas sem nós, mas também não será entregue tudo de mão beijada.
Quadrim: Quadrinhos de terror sempre foram algo presente na nona arte nacional. Recentemente no Catarse surgiram vários projetos com essa temática ao mesmo tempo. Qual a sua opinião sobre esse “boom” de quadrinhos de terror?
Ton: Acredito que isso se deve a herança das revistas Pulp da década de 40 e 50, que influenciaram os filmes B de terror e, por sua vez, os quadrinhos tornando o tema de terror visto como um tema muito querido pelas edições independentes; principalmente por ser pouco explorada por editoras de maior alcance assim como acontece com a ficção científica, que é um tema que pretendo abordar nos quadrinhos em breve.
Quadrim: Além das recompensas usuais, você oferece diversos originais de quadrinistas renomados. Como foi conseguir todo esse apoio?
Ton: Foi simples hehe. Coloquei embaixo do braço meu portfólio e no bolso folhetos do meu projeto e, com isso, fui falando com todos os artistas que encontrei, apresentando o folheto do meu projeto, mostrando meu portfólio e pedindo uma arte, não para mim, mas como forma de apoio ao meu quadrinho, para fazer parte dos prêmios que entrariam no Catarse para um financiamento coletivo.
Confesso que a receptividade dos artistas que conheci e conversei foi maior que eu esperava, inclusive é bom lembrar que a ideia partiu do próprio Daniel HDR, que também ajudou com um pôster.
Quadrim: Pra quem já apoiou ou vai apoiar o projeto, o que você pode “prometer” em relação à obra?
Ton: Acredito que em um HQ são dois pontos que são importantes: a arte e o roteiro. Quanto a arte, enquanto eu apresentava meu portfólio na Gibicon, aqui em Curitiba, tive uma grata surpresa, onde um dos artistas se dispôs a ver minhas páginas para dar sua opinião e dar uns toques e aceitei a oferta mais que depressa hahaha.
Dessa forma, posso garantir que tanto a arte quanto a narrativa estarão na melhor forma possível e quanto ao roteiro, posso garantir que em nenhum momento vou subestimar a inteligência do leitor e que esta história não é bem uma história de terror, mas sim, de horror, pois a narrativa da história não é agressiva e escatológica como se espera de uma história de terror, porém segue mais a linha visual dos filmes do Hitchcock e a narrativa do Edgar Allan Poe ou H.P. Lovecraft, pois as obras destas pessoas me acompanham durante toda minha vida e seria impossível me desvencilhar destas influências.
Lembrando que para escrever o roteiro estudei, lendo as obras “Manual do roteirista” do Syd Field, “O herói de mil faces” do Joseph Campbell e “A Jornada do escritor” do Christopher Vogler.
Quadrim: E pra finalizar, que recado você daria aos leitores que possam estar indecisos se devem investir no projeto?
Ton: Entendo a desconfiança que existe por este ser meu primeiro projeto, mas, em defesa disso, afirmo que justamente por ser meu primeiro projeto, de muitos que pretendo fazer, quero que este quadrinho seja minha entrada no mundo dos quadrinhos com o pé direito, pois não estou fazendo isso como hobby ou passa tempo, estou direcionando meus esforços para construir uma carreira neste meio. Portanto, não tenho escolha a não ser apresentar um trabalho digno de nota.
Lembrando que não recomendo este HQ para menores de 16 anos, pois acredito que a violência implícita é sempre a mais chocante.
É isso aí, leitores e leitoras, quem quiser conferir o projeto do Ton, basta clicar na imagem abaixo e contribuir! A partir de R$ 29,00 você já garante o seu exemplar impresso, sendo que o projeto vai arrecadar dinheiro até dia 27 de outubro de 2014 (semana que vem), então corra pra garantir a sua!