Quadrim Entrevista - Milena Azevedo

You are here: Home » Quadrim Entrevista (Post) » Quadrim Divulga - Catarse » Quadrim Entrevista – Milena Azevedo

E a semana tem mais um QUADRIM ENTREVISTA falando com uma autora que já foi entrevistada por nós e está capitaneando um projeto no Catarse, junto com muitos nomes do quadrinho nacional! Batemos um papo com MILENA AZEVEDO, uma das organizadoras do projeto FRONTEIRA LIVRE!

Fronteira_Livre_Destaque

Quadrim: Milena, a pergunta básica que fazemos aos entrevistados: como você começou a ler quadrinhos? Quais são seus artistas/personagens/histórias preferidas?

Milena: Essa daqui eu já respondi na entrevista do ano passado, que vocês fizeram durante a campanha do Visualizando Citações. Asseguro que nada foi mudado das informações que passei.

Quadrim: Antes de falarmos de Fronteira Livre, você é uma roteirista reconhecida por seu trabalho em O Guarda Vidas e o álbum Visualizando Citações. Como você decidiu se tornar roteirista?

Milena: Sabia que eu escrevi meu primeiro “roteiro” aos onze anos de idade? Pois foi. Tive a ousadia de tentar criar uma trama para o jogo Jungle Hunt (do saudoso Atari). Ainda tenho guardado esse “roteiro” datilografado em 1988. E como eu gostava (e gosto) bastante de cinema, escrevi mais uns outros três até 1990. Na escola, eu adorava as aulas de teatro e também cheguei a escrever umas peças e a dirigi-las. Ao chegar à faculdade, me voltei à escrita de poemas e de contos.

E após muitos anos dedicados aos estudos acadêmicos (sou formada em História, com mestrado na mesma área) e a docência, eu resolvi jogar tudo pra cima e deixar a sala de aula para abrir uma comic shop (a Garagem Hermética Quadrinhos – GHQ). Foi justamente nesse período que me veio a vontade de voltar a escrever roteiros, mas agora roteiros para quadrinhos. No início, eu me recusava a seguir os ditos “manuais” de roteiro (nunca consegui gostar muito de Syd Field), mas após ler Story, do Robert McKee, tudo mudou.

Ele me abriu os olhos para a necessidade de o roteirista ter total domínio sobre tudo o que está escrevendo, não apenas trama, sub-tramas e personagens, mas saber elaborar bons pontos de virada e conflitos fortes, manter o ritmo, alternar os valores de abertura e fechamento das cenas, pensar em bons elementos de transição entre as cenas/sequências… enfim, toda a parte técnica. Após estudar McKee eu aprendi a ver como faz diferença um roteiro bem escrito. E aconselho a todos os aspirantes a roteiristas (até mesmo desenhistas que também escrevem) que estudem McKee e Doc Comparato.

Hoje, tenho mais de vinte roteiros escritos (sem contar os 41 roteiros curtos que fiz para o Visualizando Citações – vols.1 e 2 – sim, o vol.2 deverá sair em 2015), alguns já publicados em coletâneas locais (Maturi #3 e #4), nacionais (Subversos, Monotipia) e internacionais (Zona Gráfica #3 e BDLP #4), e outros ainda à espera do desenhista certo. Tenho duas séries que pretendo reelaborar para o formato graphic novel, uma delas é a Força Verde, projeto que venho desenvolvendo com o desenhista e artista plástico pernambucano Quihoma Isaac, e que tem o aval da atriz e ativista ecológica Daryl Hannah.

Entre 2013 e 2014, fui contratada para adaptar uma peça para quadrinhos e para escrever meus primeiros roteiros “sérios” para cinema (um longa-metragem e um curta). Também estou finalizando o argumento para uma graphic novel de ficção científica (com estética steampunk). Espero poder começar a escrever o roteiro ainda esse ano, pois encontrei o desenhista perfeito.

Quadrim: Além do trabalho como roteirista, você é um dos grandes nomes por trás da divulgação de quadrinhos em Natal, principalmente a FLiQ. Como tem sido a receptividade do público potiguar aos eventos de quadrinhos?

Milena: Aqui em Natal a gente precisa de mais eventos de cultura pop. Há demanda pra isso. A FLiQ costuma agregar de tudo um pouco e por isso atrai tanto os quadrinistas quanto os leitores “das antigas” e a garotada que curte mangá e cosplay. Além da FLiQ, aqui há dois grandes eventos voltados à cultura japonesa: Yujô Fest e Saga.

Eu também organizo, em conjunto com o Praia Shopping, a HQ Zone, cujo foco são exposições temáticas com itens de colecionadores (mas também há espaço para mesas-redondas, lançamentos de HQs, jogos de tabuleiro e cardgames). As duas edições foram um sucesso e tem novidade para 2015 (mas ainda não posso falar nada sobre).

Além disso, Brum, eu, Geraldo Borges e a editora Jovens Escribas estamos fazendo parcerias para ficar trazendo quadrinistas pra cá. O primeiro será o Luciano Salles, que virá lançar a graphic novel L´amour: 12 oz, agora em novembro.

Quadrim: Agora, falando de Fronteira Livre, uma antologia com diversos nomes dos quadrinhos nacionais. Como nasceu essa ideia?

Milena: A ideia veio do André Carvalho (de Paranaguá, no Paraná) e do Marcio Rampi (de Cachoeirinha, no Rio Grande do Sul), que fizeram parte do Visualizando Citações. Eles ficaram bastante empolgados com o resultado do projeto e me fizeram a proposta, no final de 2013, de uma nova coletânea com artistas de todas as regiões do Brasil que topassem fazer parcerias novas. A princípio eu iria escrever um roteiro e tinha a missão de fazer uma lista de roteiristas e desenhistas que poderiam ser convidados.

A empolgação meio que foi morrendo com os afazeres de cada um, até que a gente viu a necessidade de levarmos a sério e prepararmos algo bacana para lançar na Comic Con Experience. A partir de então, Brum e eu começamos a organizar as coisas, junto com o Marcio e o André, estabelecendo metas e deadlines. Também formamos um conselho editorial para selecionar as histórias dos artistas convidados. Com tudo voltando aos eixos, a gente pode se programar direitinho para colocar o projeto da Fronteira Livre no Catarse.

Fronteira_Livre_Capa

Quadrim: E como se chegou aos nomes de quem participa? Foram convites diretos, foi aberto a quem quisesse participar…?

Milena: Quando eu e Brum passamos a ser organizadores, os contatos foram aumentando e a gente foi selecionando mais artistas. Foi tudo na base de convite mesmo porque o tempo começou a ser um fator preponderante. A gente convidava, perguntando por histórias já prontas, de preferência, mas que ainda não tivessem sido publicadas de forma impressa.

Para a capa, eu indiquei a Camila Torrano porque gostei bastante do trabalho dela em A Travessia. Ela topou e, junto com o design da capa, também criou a logo da Fronteira Livre.

Quadrim: O projeto já está financiado e será lançado na CCXP. Como organizadora de eventos de cultura pop, qual sua expectativa para a CCXP?

Milena: A Comic Con Experience promete vir com tudo. A gente terá um gostinho de San Diego e Nova Iorque, em São Paulo. Como vai ser um evento de cultura pop (abrangendo games, filmes, seriados de TV, além dos quadrinhos), acredito que o público será bastante eclético, e teremos oportunidade de mostrar nosso trabalho a alguém que esteja lá por causa do “Sr. Barriga”, por exemplo.

Fronteira_livre_Financiado

Quadrim: Além do projeto do Fronteira Livre, você já financiou outro projeto, o Visualizando Citações. Como o Catarse está mudando o cenário dos quadrinhos, na sua opinião?

Milena: O financiamento coletivo é uma das formas que se tem hoje de conseguir captar recursos para projetos. Na pesquisa recente que o J. Silvestre fez para o Papo de Quadrinhos, ele contou 83 projetos bem sucedidos, de 2011 pra cá. Porém, é importante frisar que o Catarse não é um “oásis no deserto”, pelo contrário.

Para que o projeto chame atenção, e atraia apoiadores, é preciso elaborar estratégias, pensando desde o que poderá entrar como recompensas até saber o momento de mostrar e/ou anunciar algo novo durante a campanha. Ah, ter cara-de-pau para “pedir” apoio é outro requisito básico. Ralei pra caramba com o Visualizando Citações e com a Fronteira Livre.

Seria mais bacana se todos os artistas envolvidos em ambos os projetos ajudassem a divulgá-los (afinal foram 27 em cada um), mas aí também a gente vai descobrindo com quem realmente pode contar. Com a Fronteira Livre, eu, Brum, Marcio e André abraçamos a responsabilidade e procuramos divulgar por todos os meios e vias e possibilidades que tínhamos à mão.Fronteira_Livre_Pagina_1

Quadrim: Uma coisa interessante do projeto é a parceria com a Mocho Artes, como veio essa parceria?

Milena: Essa parceria com a Mocho Artes foi fundamental para nossa campanha. O André Carvalho que conversou com o Ronaldo Àton, da Mocho, e ele topou ser nosso parceiro, oferecendo seus produtos para recompensas exclusivas (com as logos da Mocho e da Fronteira Livre). Já era um baita trunfo pra gente.

Aí, de comum acordo com meus três colegas, resolvi deixar o valor dos itens um pouco abaixo do preço de venda no site da Mocho, para as recompensas se tornarem mais atrativas.

Quadrim: O que quem já apoiou (e vai receber) pode esperar da Fronteira Livre?

Milena: Ah, diversão, lágrimas, sustos… A equipe da Fronteira Livre conta com medalhões dos quadrinhos nacionais, como Gian Danton, Antonio Éder e Gilmar, além de contar com artistas contemporâneos de peso e também apresentar talentos da novíssima geração, como a AnaLu Medeiros (que além de cartum e tiras, também começou a produzir HQs).

Quadrim: E pra finalizar, que recado você daria aos leitores que possam estar indecisos se devem investir no projeto?

Milena: Sei que alguns leitores de quadrinhos ficam receosos com coletâneas, pois há disparidade entre roteiros e técnicas de desenho. Mas, por outro lado, são justamente nas coletâneas onde os artistas têm a chance mostrar que são ecléticos e onde se “descobrem” novos talentos.

A Fronteira Livre é um projeto feito com bastante carinho, e tivemos muito cuidado com a seleção das histórias que nos foram enviadas pelos artistas convidados. Se eu fosse você, eu apoiava e aproveitava pra “pegar” alguma recompensa da Mocho, pois com o tempo elas serão itens de colecionador.

É isso aí, leitores e leitoras, quem quiser conferir o projeto dessa turma, basta clicar na imagem abaixo e contribuir! A partir de R$ 35,00 (R$ 25,00 se você for à CCXP) você já garante o seu exemplar impresso (e olha que bacana, o projeto já está financiado, então é garantido), sendo que o projeto vai arrecadar dinheiro até dia 20 de novembro de 2014!

Fronteira_Livre_Imagem_Catarse

Equipe Quadrim

Nerds e Apaixonados por cinema, séries de TV, animação, games e, especialmente, quadrinhos; os membros da Quadrim se reúnem aqui pra dar sua opinião, mesmo sem ninguém pedir, sobre todos os assuntos que fazem parte desse maravilhoso mundo.

Facebook Twitter 

Comentários

comentários


Esse espaço é destinado aos visitantes da Quadrim para interagir entre si e com os membros da equipe. Não é necessário realizar login, basta informar nome e e-mail. Pedimos a todos que se expressem com respeito e cordialidade, evitando ofensas gratuitas e palavras de baixo calão.

A Quadrim não se responsabiliza pelas opiniões postadas nesse espaço por seus visitantes, mas solicita a todos que se utilizem de sua liberdade de expressão com a devida atenção às regras normais de convívio social. Os comentários estão sujeitos a moderação no caso de descumprimento dessas instruções.


Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.



Konami Easter Egg by Adrian3.com