A semana continua e outro QUADRIM ENTREVISTA, com uma autora que não se contentou em lançar uma HQ no Catarse, tá lançando logo 3! Batemos um papo com ALINE “LILA” CRUZ sobre sua obra QUADRADA!
Quadrim: Lila, a pergunta básica que fazemos aos entrevistados: como você começou a ler quadrinhos? Quais são seus artistas/personagens/histórias preferidas?
Lila: Vou responder meio óbvia, sem querer, mas leio desde criança. (risos) Tenho algumas artistas que são aquelas que tenho tudo, quase tiete mesmo. Alison Bechdel, Bianca Pinheiro, Fefê Torquato. Gosto do Daniel Clowes, do Eduardo Damasceno (dos Quadrinhos Rasos), da Vera Brosgol… É muita gente!
Quadrim: Primeiramente, antes de falar do seu projeto “Quadrada”, você teve o projeto “38 Dias” que infelizmente não conseguiu ser financiado. O que você tirou de experiência do processo que te auxiliou nessa nova empreitada?
Lila: Primeiro, eu vi que não dá pra calcular o valor que a gente precisa incluindo, por exemplo, o valor da hora que você vai precisar pra trabalhar naquilo. A menos que você já tenha um público muito consolidado, mesmo. Porque ainda não há uma cultura forte do financiamento coletivo no Brasil, que dê pra uma pessoa tirar 25 mil só por ter um projeto legal.
Ela tem que ter histórico, currículo, ser alguém que está do lado daquele público há um tempo. Se não for assim, é preciso pedir a grana da impressão e de coisas básicas. Senão é muito fácil não dar certo.
Quadrim: O projeto “Quadrada” na verdade busca financiar 3 revistas diferentes (“Desnuda”, “Nostálgica” e “Ansiedade(s)”). Por que decidiu fazer um projeto com 3 revistas separadas?
Lila: Porque as histórias eram muito diferentes pra serem uma revista só. Eu achei melhor fazer três revistas mais curtas, também pra facilitar pro leitor, no sentido de que quem quer as histórias sobre infância e só elas não vai pegar história tensa sobre ansiedade no meio.
E dá pra trabalhar melhor as recompensas em grupos também, tipo o livreto de colorir, feito com brincadeiras de criança e memórias, baseado no Nostálgica.
Quadrim: “Desnuda” é uma revista de histórias curtas, mais humoradas. Quais as inspirações para criar essas histórias?
Lila: Meu cotidiano, basicamente. Tem horas que eu paro e penso que a minha cabeça fabrica situações constrangedoras o tempo todo, tipo ser a pessoa que faz uma piada infame em ambiente de trabalho e só percebe que não cabia ali depois que já fez. Então eu pensei que poderia rir de minha personalidade estapafúrdia e desastrada, fazendo quadrinhos sobre isso.
Quadrim: Já “Nostálgica”, como o nome indica, é muito focada em experiências de sua infância. Como é transformar lembranças suas em histórias?
Lila: É divertido, é também uma forma de registrar momentos legais, que a gente vai esquecendo à medida que envelhece. Decidi desenhar as histórias também pra não esquecê-las, e pra passar adiante até pros meus amigos que viveram tudo lá também. Foi muito divertido pra todos nós, então vai ser muito bom compartilhar.
Quadrim: Finalizando a “trilogia”, “Ansiedade(s)” é um trabalho mais profundo. Quão difícil é colocar essas emoções no papel?
Lila: Beeeeem complicado, é um exercício. Porque as coisas aconteceram comigo há sete anos atrás, e eu só tomei coragem pra desembuchar agora, desenhar, escrever e tal. O que te expõe também a julgamento, a tudo né?
E tem também a parte de você lembrar que passou por tudo aquilo. Porque Ansiedade fala não só do transtorno de ansiedade que tive, mas do relacionamento abusivo que foi o estopim pro transtorno. Aí já viu.
Quadrim: Além do projeto, você também tem a Quadrada Editora, voltada a publicar pequenas tiragens. Como é conciliar a editora com seus projetos?
Lila: Olha, só posso dizer que eu durmo tarde e que esses meses rolou até uma emagrecida, de tanta coisa pra fazer. (risos) Atualmente tô diagramando, imprimindo, encadernando várias pequenas histórias, em pequenas tiragens.
Esse mês foi o Poezine, de poesia ilustrada. Faço tudo, desde selecionar o papel até a costura final. É muito legal e viciante também, mas pra lá de desgastante. Uma hora eu sei que vai chocar com meus trabalhos fixos, mas tamo aí, enquanto não chocar. hehe
Quadrim: E você também escreve pro site Cafeína, oriundo do “Caféina Zine”. Foi um caminho natural sair de um fanzine para um site?
Lila: Sim, foi. Porque teve uma hora que eu e o Leo, que escrevemos pro Cafeína, acabamos ficando com mais vontade de escrever, e não dava pra imprimir sempre. Agora vamos fazer uma edição impressa, mas também só porque estamos com impressora em casa, hehe. E eu sempre tive vontade de escrever pra portal e revista de cultura. Já fiz isso em outros veículos, mas queria um canto pra escrever sem amarras. E aí veio o Cafeína.
Quadrim: Pra finalizar, que recado você daria aos leitores que possam estar indecisos se devem investir no projeto?
Lila: Cês não vão se arrepender, gente! Em especial porque vão estar ajudando esta moça a levar suas publicações pro Festival Internacional de Quadrinhos. Só por contribuir com isso todo mundo que comprar pacote no projeto já merece um abraço imenso e amor eterno. 🙂
É praticamente uma promoção, Tropa, 3 por 1! Quem quiser conferir o projeto da Lila basta clicar na imagem abaixo e contribuir! A partir de R$ 20,00 você pode ter um dos 3 exemplares impressos (mas com R$ 40,00 você consegue os 3!) e o projeto vai arrecadar dinheiro até dia 16 de maio de 2015!
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