Olá, #TropaQuadrimcast! Hoje temos mais QUADRIM ENTREVISTA, falando com autores que buscam financiamento para seus projetos pelo Catarse! E desta vez, temos como convidado um cara apaixonado por cinema mudo, traços sombrios e sonâmbulos! Hoje a conversa é com VICTOR MOURA!
Quadrim: Victor, a pergunta básica que fazemos aos entrevistados: como você começou a ler quadrinhos? Quais são seus artistas/personagens/histórias preferidas?
Victor: Comecei a ler quadrinhos com uns 8 anos. Comecei lendo O Menino Maluquinho e Turma da Mônica. Não gostava de super heróis ainda, isso só veio mais tarde quando comecei a comprar HQs da liga da justiça sempre que ia na banca com meu pai. Durante muitos anos eu não percebia o estilo de cada traço, pra mim era tudo só “desenho” e pronto. Só fui perceber isso com o John Romita Jr.
Meus artistas favoritos incluem Egon Schiele, Gustave Dore, James O’Barr, Frank Miller, Frank Frazetta e os grandes brasileiros Roger Cruz, Davi Calil, Greg Tocchini, etc.
De personagens favoritos com certeza O Corvo de James O’Barr e o Sandman do Neil Gaiman
Minha história favorita é Sandman sem dúvidas. Já reli tudo algumas vezes e acho o universo fantástico.
Quadrim: Antes de falar de “O Gabinete do Dr. Caligari”, você ano passado lançou “O Colecionador de Memórias”, uma história que mistura uma ambiente sombrio, corujas, um anel de caveira… Como foi fazer sua primeira obra impressa?
Victor: O “Colecionador de Memórias” foi uma obra muito boa de se fazer. Quando seu objetivo é simplesmente contar uma história como quer contar e como acha ela que deve ser contada a coisa fica relativamente melhor. Embora seja trabalhoso, é ao mesmo tempo prazeroso. A parte mais complicada é a distribuição e divulgação da obra. Mantenho as vendas online com pedidos que recebo por email ou pela página no facebook e em eventos como a FIQ, onde estarei esse ano.
Quadrim: Além de “O Colecionador de Memórias”, no seu projeto os leitores podem adquirir a zine “Amarok”. Sobre o que é essa obra?
Victor: Amarok é parte de uma lenda do povo Inuit sobre um grande lobo cinzento. Eu fiz uma releitura dessa entidade como um conto curto de um projeto futuro onde pretendo compilar diversos contos que se passam com lendas de criaturas das misticas e das florestas. Há também um sketchbook entre as recompensas que, pra mim, que sou fã de sketchbooks, é a cereja do bolo (risos)
Quadrim: E você tinha planejado pra 2015 lançar a obra “Eu sou A. Raposa”, como anda o desenvolvimento dela?
Victor: “Eu sou A. Raposa” também já está finalizado. Como o problema sempre incorre no processo de impressão/distribuição/divulgação é possível que só lance ela em formato digital. Provavelmente com parceiros que já possuem o “Colecionador de Memórias” em seu banco de dados como o app da ComixTrip. Claro que nesse meio tempo acabo modificando texto e imagens do projeto no intuito de melhorá-lo.
Quadrim: Falando agora de seu projeto “O Gabinete do Dr. Caligari”, ele se baseia num filme de 1920, de onde surgiu a ideia de fazer essa adaptação?
Victor: A ideia surgiu da minha “obsessão” (no bom sentido da palavra) pelo cinema expressionista Alemão. A estética visual dos filmes expressionistas ajudaram a formar o que hoje é o meu traço. As pesadas sobras, cenários distorcidos e toda a temática obscura sempre chamaram minha atenção. Sobretudo penso que, em um mundo que readapta obras já tão conhecidas pela facilidade de se angariar público já formado, é bacana correr atrás de reconstruir essa obra que está aí aberta a público mas que, ao mesmo tempo, acaba sendo esquecida e desconhecida por muitos.
A ideia é justamente recolocar essa obra na cultura e na forma de quadrinhos. Vejo muita gente hoje em dia que não tem paciência para ver filme mudo. Quem sabe um quadrinho não é uma solução pra que essa pessoa possa ter contato com a história? E quem sabe até sentar pra ver o filme depois disso?
Quadrim: Você é formado em cinema e seu traço tem muitas características do cinema expressionista. Isso foi algo natural ou você desde o começo se direcionou a ter um traço nesse estilo?
Victor: A principio foi natural. Eu gostava do que via e reproduzia no meu desenho. Mais tarde, já pensando em profissionalizar meu traço, estudei plano a plano a iluminação do cinema expressionista que trabalha de forma tão expressiva o alto contraste na mesma medida em que Caravaggio trabalha o “chiaroscuro” em seus quadros.
Quadrim: O projeto está ainda buscando o financiamento, mas quem já deu seu apoio pode esperar o que d'”O Gabinete do Dr. Caligari”?
Victor: Acredito que quem deu o apoio seja fã do filme, curta meu traço ou, com sorte, ambos. E nesse caso acho que pode esperar algo incrível. É realmente o melhor de dois mundos para quem gosta. Procurei manter fidelidade nos cenários e figurinos e caracterização que definem bem o filme. E ao mesmo tempo mudar os planos e diálogos (já que a dinâmica de filme mudo é outra).
A meu ver quem deu o apoio (a esse e a qualquer outro projeto) é parte de uma resistência muito clara de quem quer determinar o que vai consumir como arte e não simplesmente deixar que um grupo decida o que vai ter nas bancas, livrarias etc…A produção cultural tá aí e quem fez sua parte colaborando tem minha enorme gratidão.
Quadrim: Pra finalizar, que recado você daria aos leitores que possam estar indecisos se devem investir no projeto?
Victor: Aos indecisos meu recado seria para que eles olhassem as imagens, vejam mais do meu trabalho, decidam se gostam ou não do estilo do traço, procurem conhecer o filme pela sinopse ou até assistir ele que vale a pena. E, se gostarem, podem investir sem medo.
Se pudêssemos definir a qualidade da revista pelo trabalho que tive ao colocar cada traço onde acho que deveria estar, então, poderíamos dizer que está excelente. Mas minha questão principal com qualquer coisa é que as pessoas invistam no projeto se curtirem e por nenhuma outra razão além do que o produto tem a oferecer. Quem curte a estética expressionista e quadrinhos independentes sei que vai gostar.
Tropa, querem ver um filme mudo em forma de HQ ? Basta clicar na imagem abaixo e contribuir! A partir de R$ 30,00 você pode ter um exemplar sendo que o projeto vai arrecadar dinheiro até dia 03 de julho de 2015!
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