Quadrim Entrevista - Escape HQ #4

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Preparem-se pra ler muito, #TropaQuadrimcast! Hoje o QUADRIM ENTREVISTA, é com (deixa eu contar, três, quatro…) SETE quadrinistas! Nosso papo hoje é com o pessoal do COLETIVO ESCAPE pra falar da revista ESCAPE HQ #4!
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Quadrim: Pessoal do Coletivo Escape, primeiramente agradecemos por nos concederem esta entrevista. Antes de falarmos de “Escape HQ”, fazemos a nossa pergunta básica: como vocês se tornaram fãs de quadrinhos?

Fernando Barone: Comecei com os gibis da Turma da Mônica desde que aprendi a ler. Poucos anos depois, descobri a coleção embolorada de gibis da Marvel e da DC do meu pai e nunca mais parei de ler quadrinhos.

Gustavo Lambreta: Acho que como a maioria dos quadrinista, comecei com Mônica, mas pulei logo pra Mad, Níquel Náusea (Fernando Gonsalez é rei!), Chiclete com Banana, Piratas do Tietê etc. Adolescente lia mais Marvel, mas conheci Crumb e voltei pros undergrounds depois. Ah, e sempre odiei mangás (tirando Akira e Lobo Solitário).

Jesus Guaré: Minha mãe me batia sempre que eu não lia quadrinhos.

Luiz Franco: Não me considero um fã de quadrinhos, como quase todos eu comecei lendo Turma da Mônica na infância e, desde muito pequeno, Calvin e Haroldo por influência dos meus pais que me ensinaram a ler através do jornal. Eu nunca me envolvi com quadrinhos porque sempre tive essa dificuldade com o desenho, se faço um quadrado ele sai uma bola.

Plínio Sene: Meu pai era fã de quadrinhos desde menino e comprava muita revista Mad. Mesmo não alfabetizado, eu folheava tudo aquilo junto com meu irmão, que já sabia ler e tinha tanto entusiasmo quanto eu. De certa forma, a partir daí o formato dessa linguagem gráfica começou a se assentar na minha cabeça pra ser uma constante. Pouco tempo depois começaram a passar na TV um comercial do novo gibi que chegava ao mercado, O Menino Maluquinho, e nossa, ele aparecia andando de skate na animação, muito da hora! Eu e meu irmão piramos naquilo e pedimos pro meu pai comprar o gibi. Ele comprou o número um: uma relíquia. Eu não sabia ler, mas amava aquilo. Depois de alfabetizado, segui lendo – e relendo – O Menino Maluquinho. Pedi pro meu pai comprar mais um, pois já havia lido todos.

Na falta de um inédito, ele me deu um da Magali. Tenho-o até hoje. A partir daí passou a ser uma leitura obsessiva.

Na adolescência passei a ler os de super-herói, e uma nova obsessão se instalava. Fora a leitura, a coleção em si e o garimpo de sebos. Eu vivia para aquilo. Curti por um bom tempo até pegar no bastão do quadrinho underground. Dividiram as águas! Aí larguei tudo só pra revirar esse tipo de lixo. Não teve jeito!

Thaiz Leão: Eu mesma vim pelo lado menos convencional, leia-se Vertigo, também li (e risquei) os gibis da turma da Mônica, mas o estalo mesmo foram nas tirinhas do jornal de domingo, que mal sabia eu que nem eram boas… outro dia devo ter pego uma graphic novel, acho que era o Moonshadows, ou uma edição dos Eternos, ou um mangá do Blade e pensei: “Quem desenha tudo tão certinho só pode ser louco.”. Minha pira nos quadrinhos não são os traços, nem os super-heróis, o que eu gosto é dos roteiros não convencionais e complexos, os quadrinhos ensaiam uma cultura a parte, onde você escreve buceta e vê uma do lado. É demais.

Willian Pedroso: Foi uma mescla de coisas, meu pai tinha algumas revistas do Tex, Lucky Luke e Dylan Dog, que eu não lia mas gostava muito das ilustrações , depois veio as revistas da Disney, Turma da Mônica, comics e os mangas. Continuo lendo todos esses títulos até hoje.

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Quadrim: “Escape HQ” é a quarta edição de uma coletânea de pessoas do Coletivo e convidados. Como vocês definem as histórias que entrarão em cada coletânea?

Fernando Barone: No caso dos integrantes fixos, vai do que a pessoa quer fazer no momento, já que as nossas ideias são alinhadas de certa forma. Para escolher os convidados já depende do que vimos por aí que é interessante e bate com o que costumamos apresentar nas revistas do coletivo. Os maiores critérios para uma história entrar na Escape, na minha opinião, são um bom desenvolvimento, ser feita com dedicação e não ser babaca.

Gustavo Lambreta: A gente já tentou utilizar um tema central (a edição 2 era sobre água, por exemplo) mas decidimos que cada um deveria ter autonomia de escolher o que tem vontade de publicar. Aí quando decidimos sobre uma nova edição (não temos ainda uma periodicidade definida) o editor (no caso tem sido o Barone, mas já foi eu) pede pro pessoal mandar o argumento da HQ e um prévia dos traço e a gente decide coletivamente o que “cabe” ou não na Escape. E como sabemos o que “cabe”? não sabemos, decidimos na hora.

Jesus Guaré: Quanto as minhas histórias, eu gosto de defini-las como “barbárie acefalóide”. Esse é o leitmotiv das minhas HQs. Acho que vou tatuar isso na testa.

Luiz Franco: Eu não me envolvo no processo de escolha das histórias, a verdade é que só entrei pra Escape agora, antes eu só ficava olhando as coisa acontecer, carregava caixas e ia nos eventos fingir que estava comprando algo deles.

Plínio Sene: Somos diversos, viemos de escolas diferentes. Um grande charme da Escape reside nessa diversidade, e portanto este conceito a define bem. Não li com profundidade as demais HQs que serão publicadas na próxima edição: dei uma vista d’olhos em cada uma, pois prefiro ler impressa, mas sei que manteremos boa média.

Thaiz Leão: A gente se junta, e cada um dá uma ideia. A menos idiota ganha. (eu nunca ganhei)

Willian Pedroso: Definir? Bom a segunda edição foi temática, já nas outras entrou o que a nossa sanidade permitiu.

Quadrim: E como é o processo de cada um pra tirar as ideias da cabeça e jogar nos quadrinhos?

Fernando Barone: Eu anoto todas as ideias de história que tenho conforme elas aparecem. Para a Escape, acabo buscando algo que bata com o que vai ser interessante para o leitor da revista ou que seja uma experiência interessante de criação junto com o desenhista.

Gustavo Lambreta: Tenho andado bem preguiçoso para criar HQs, então peço roteiros pros outros escapistas, na 3 e 4, desenhei roteiros do Plínio Sene, na 5 (SPOILER) o roteiro vai ser do Alessio Esteves. Mas dou uma sugestão ou outra ou trago alguma ideia, mas desenvolver o roteiro não está rolando ultimamente.

Jesus Guaré: Cagando e tomando banho. Se por um lado minha intolerância a lactose e meu amor por pizzas de catupiry fazem meu trabalho render no dia seguinte, por outro o senhor Alckmin e sua crise hídrica me fizeram produzir pouco ano passado.

Luiz Franco: Meu processo pra escrever é muito chato, eu anoto ideias num caderninho e tento tirar um dia por semana, de noite preferencialmente por conta do silêncio na rua. Eu releio muitas vezes o que eu estou escrevendo, sempre buscando um ponto de clímax no texto. Eu tento retratar mais o cotidiano com um pouco de fantasia, ou então algo que aborde as sensações e sentimentos.

Plínio Sene: Pra mim cada ideia surge de um jeito. Às vezes brota com final pronto, às vezes tenho que desenrolar uma ideia que germinou anos atrás. Cada caso é específico.

Thaiz Leão: Eu espero até QUAAASE não ter mais tempo, ai aparece alguma coisa do nada e eu falo “é isso”, e a partir dai eu vou diminuindo pra me dar o menor trabalho possível.

Willian Pedroso: Geralmente eu vejo a história na forma de um filme ou animação na cabeça e se eu gostar colocar no papel. O grande problema é que na cabeça sempre fica mais legal e nunca sai exatamente do mesmo jeito.

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Quadrim: As revistas abordam gêneros diversos, mas já houve algum caso de pessoas do Coletivo terem ideias iguais? Ou sempre saem coisas totalmente diferentes?

Fernando Barone: Já aconteceu, até mesmo porque teve uma tentativa no passado de fazer uma Escape temática. Mas normalmente os problemas e loucuras de cada integrante resultam em algo único.

Gustavo Lambreta: Na 2, que tinha um tema único que era “água”, rolou isso, eu e o Guaré fizemos uma sequência direta sobre a crise hídrica de São Paulo, mas teve outra de um autor convidado que soava absolutamente igual, aí pedimos pra dar um tapa, mudar algo ou mudar completamente, ele não quis/podia, aí ela não foi publicada. Mas no geral, as coisas são bem diferentes, não foi intencional, pois nos juntamos por afinidade e amizade, mas criamos um coletivo com estilos totalmente diferentes.

Jesus Guaré: Iguais não, mas eu e o Lambreta na edição 2 fizemos histórias complementares.

Luiz Franco: Acho que isso não aconteceu, ou se acontece eu não sei (rs).

Plínio Sene: A segunda edição pretendeu ser temática (a seca que assolou o Estado de São Paulo em 2015), mas houve livre-arbítrio (rs) para quem quisesse desenhar sobre outro tema. Nesta, inevitavelmente, algumas HQs saíram parecidas. Mas acho que somos melhores como franco-atiradores mesmo.

Thaiz Leão: Nossas menstruações sempre se sincronizam, mas nossos quadrinhos não.

Willian Pedroso: Todo mundo aqui é doido, mas são doidos diferentes e isso ajuda a não ter HQs iguais.

Quadrim: As 3 edições anteriores (e a revista #0) saíram por conta de vocês, mas agora vocês estão experimentando o Catarse. Como está sendo o processo?

Fernando Barone: É interessante. Como estamos usando o formato de pré-venda, a ideia é já sairmos com a edição “paga” no que diz respeito aos custos de impressão – o que pode demorar um bocado para acontecer no ciclo natural de uma HQ independente. O leitor pode garantir a edição antes e fica mais fácil para viabilizarmos o projeto.

Gustavo Lambreta: Eu já tive um processo de Catarse que não funcionou, então eu fico absurdamente ansioso. Catarse me faz um mal danado.

Jesus Guaré: Dá uma resposta padrão aí de jogador de futebol.

Luiz Franco: Porque tá todo mundo fudido.

Plínio Sene: Neste quesito acompanho de longe e deixo o fardo pra quem entende disso tudo. São ótimos e estão fazendo uma ótima divulgação de tudo e todos.

Thaiz Leão: Alguém ganha dinheiro fazendo quadrinho independente? Então. A gente também não.

Willian Pedroso: Só posso dizer que o processo é lento e o bagulho é louco.

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Quadrim: Além das revistas “Escape HQ”, muitas recompensas oferecem os trabalhos solos dos integrantes. Como conseguem conciliar o coletivo e seus trabalhos solo?

Fernando Barone: Eu sou desempregado, então sempre estou escrevendo alguma coisa. Se vai sair por aí é outra história, porque não tenho grana para imprimir.

Gustavo Lambreta: Além da Escape, e projetos solos eu sou professor, mas tenho um horário bem flexível, o que possibilita desenhar bastante. Além disso, em quadrinhos, minha prioridade é a Escape, aí vou encaixando outras coisas conforme dá. Mas a Escape não produz tanto assim, esse ano vai sair só 2 edições. Dá pra levar numa boa.

Jesus Guaré: No meu caso é simples: estou desempregado.

Luiz Franco: Eu particularmente não me envolvo só com a escape e os projetos solo. Eu sou consultor para indústrias do segmento gráfico, ajudo num museu no interior de São Paulo, crio meu pé de maracujá etc. Eu tento dormir o mínimo possível, beber muito café e fazer o máximo de coisas. Eu passei muito tempo congelado.

Plínio Sene: Meu trabalho solo é bem diferente do qual eu apresento na Escape. Na Escape eu me apresento de traje a rigor (aliás, Traje de Rigor é um trabalho solo do excelente Lambreta e está associado à Escape). Fora da Escape faço quadrinhos undergrounds, sujos, desbocados, precários… São pegadas bem diferentes.

Thaiz Leão: Disciplina, falta de dinheiro e um pouco ou nenhuma autoestima. Junte tudo que dá.

Willian Pedroso: Acho que da mesma forma como conciliamos o restante da nossa vida, separamos um tempo pra cada coisa e rezamos pra que tudo de certo.

Quadrim: O projeto de vocês é do estilo “flexível”, ou seja, não importa quanto arrecadar, vai sair. Porque optaram por essa modalidade?

Fernando Barone: Justamente para criar uma pré-venda que dê algum tipo de vantagem ao leitor, enquanto o valor arrecadado é convertido para a impressão da revista.

Gustavo Lambreta: Cagaço de não atingir. Além disso temos uma graninha guardada pra isso, o lance era mais pra ajudar mesmo, quanto mais de grana entrar, menos temos de tirar dos nossos bolsos.

Jesus Guaré: Por que a gente é ciente de nossas limitações e do quão mão-de-vacas são nossos amigos.

Luiz Franco: Porque se não der certo a gente tem um rim congelado pra vender.

Plínio Sene: Não sei os outros. Mas tenho meu emprego e não pretendo ter a necessidade de ganhar dinheiro com quadrinhos pra poder publicar. Seria um horror ocupar boa parte do dia desenhando coisas comerciais pra ganhar uma grana precária. Prefiro de verdade enfrentar o mundão aí, que é o que me inspira a desenhar o que realmente gosto no final das contas.

Thaiz Leão: Porque VAI QUE né?

Willian Pedroso: Porque vamos fazer a revista de qualquer forma , então mesmo que não entre tudo que precisamos, o que entrar já livra nossa cara e ajuda muito na produção da revista.

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Quadrim: O que quem já investiu pode esperar quando tiver sua “Escape HQ” nas mãos?

Fernando Barone: Insanidade, mau gosto e cores.

Gustavo Lambreta: Uma joia rara do quadrinheiro nacional. Na boa, a Escape 4 tá foda!

Jesus Guaré: De minha parte: muito conhecimento inútil e uma piada com “Carga Pesada”.

Luiz Franco: O inimaginável.

Plínio Sene: Cara, é sério, fazemos quadrinhos de alto nível. Você terá em mãos uma vitrine do que anda desenhando a nova safra paulista de cartunistas independentes. Ah, o Guaré é baiano de São Paulo.

Thaiz Leão: Não sabemos. Estamos esperando também.

Willian Pedroso: As histórias estranhas e sem noção de sempre, só que em uma edição mais bem acabada e com gente nova ilustrando a bagaça.

Quadrim: Pra finalizar, que recado vocês dariam aos leitores que possam estar indecisos se devem investir no projeto?

Fernando Barone: Tem maneiras muito piores de gastar 15 conto. Dê seu dinheiro pra gente e faça um quadrinista fudido feliz.

Gustavo Lambreta: Compra logo essa porra! A revista é paga, mas a ofensa é gratuita. É mais barato que o MSP.

Jesus Guaré: Eu conheço traficantes e pessoas que mexem com armas. E o preço de uma vida é surpreendentemente baixo…

Luiz Franco: Ceis gastam dinheiro com cada coisa ruim e na Escape ceis não perdem dinheiro.

Plínio Sene: Que leia nossas edições anteriores. Que conheça o material solo de cada artista. Pro bem ou pro mal, a decisão virá.

Thaiz Leão: Mandamos nudes.

Willian Pedroso: Colabora ai mano! Pode não parecer mas nos somos legais e as histórias são bacanas.

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Use os quadrinhos como “Escape” também, Tropa@ Basta clicar na imagem abaixo e contribuir! A partir de R$ 20,00 (R$15,00 se você correr!) você receberá um exemplar garantido (já que o projeto será publicado não importa a arrecadação!) e o prazo para contribuir é até 13 de agosto de 2016!

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Nerds e Apaixonados por cinema, séries de TV, animação, games e, especialmente, quadrinhos; os membros da Quadrim se reúnem aqui pra dar sua opinião, mesmo sem ninguém pedir, sobre todos os assuntos que fazem parte desse maravilhoso mundo.

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