Quadrim Entrevista - Auto da Catingueira

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Hoje é dia de falar de histórias do nosso país, #TropaQuadrimcast! O QUADRIM ENTREVISTA fala de ópera, nordeste, ! Acompanhe nosso papo com MARCOS GUERRA sobre seu projeto AUTO DA CATINGUEIRA!

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Quadrim: Marcos, antes de começar, queremos agradecer pela entrevista. Começamos como sempre: como você se tornou um fã de quadrinhos?
Marcos: O agradecimento é todo meu! Como me tornei fã? Desde que me entendo por gente, na verdade, estou cercado de quadrinhos. O meu pai já os colecionava esparsamente, misturando Vingadores, Tex e Asterix em páginas que rasguei acidentalmente, colei de novo e repeti o processo outra vez! Foi um processo bem natural!

Quadrim: Falando sobre “Auto da Catingueira”, a obra é baseada numa ópera criada por Elomar Figueira Mello. Quando foi seu contato com a obra e de onde veio a ideia de torná-la um quadrinho?
Marcos: Conheci parte dos versos do Auto na célebre representação do “Desafio do Auto da Catingueira“, como executado pelo próprio compositor e seu parceiro musical, Xangai, no disco “Cantoria“. A ideia do duelo entre os violeiros me era sedutora enquanto ouvinte, e descobrir toda a razão por detrás das letras tornou esse universo ainda mais provocante: A justificativa por detrás do desafio entre os dois, o cenário do Sertão Profundo como um todo e, claro, a rara beleza dos versos. A representatividade cultural de tudo isso é grande demais. Senti, com sinceridade, que eu precisava me relacionar com essa ópera de alguma forma, celebrá-la e espalhar seu conteúdo o máximo que eu pudesse.Talvez por eu não ser músico, é que o quadrinho, minha linguagem artística favorita, foi minha resposta a essa paixão.

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Quadrim: A obra é centrada na personagem Dassanta, uma pastora cuja beleza “matava mais qui cobra de lagêdo”. Como foi transcrever uma personagem tão fascinante para o papel?
Marcos: Nas palavras do maestro João Omar, filho e continuador da obra de Elomar, o Auto “tem um mistério”… É um texto que mistura folclore, poesia, cotidiano interiorano e até simbolismo. Traz pequenos enigmas e a arte de tornar o rotina sertaneja em experiência épica. Nesse caldo tão rico, Dassanta é o maior segredo da história, sua face, seu corpo, tudo configura uma jornada ao desconhecido, que coincide com sua própria descoberta da caatinga e seu mundo encantado, por vezes assustador mas também belo. Desenhá-la se tornou o maior paradigma do trabalho! Por isso, optei pelo que o autor discursa em respeito ao perigo da imagem: “A imagem vale mais que mil palavras, mas mil palavras também podem mentir”, contando com a imaginação do leitor para uma boa parte desse tópico!

Quadrim: E com certeza a obra tem muito do folclore e da realidade do Nordeste, quais as influências regionais que veremos na versão em quadrinhos?
Marcos: Ah, em primeiro lugar, os quadros em si sempre apresentam uma tela de galhos amarrados, como na capa do disco, mantendo a ideia de que tudo é uma construção artesanal. O preto e o branco aliado às hachuras dão a ideia da sequidão e desertificação que o tema pede. E claro, a fauna e flora específicas, permitindo se enxergar mais da imagética da qual o próprio texto está imbuído.

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Quadrim: O projeto estava listado como “Campanha Flexível”, porque foi decidido tentar essa modalidade?
Marcos: Nesse viés da campanha, os apoios investidos, independente da meta atingida ou não, são repassados ao propositor. Há mais seriedade nesse caso, ao meu ver, pois o autor há de se fazer responsável com ou sem o previsto inicialmente pelo seu projeto, ou não haveria sentido em se receber o dinheiro. Encarei as coisas por esse ponto de vista por estar convicto de que iria publicar o Auto. Em outras palavras, eu estava pronto para baratear o projeto e procurar outro caminho para torná-lo possível. Para isso, era preciso manter a campanha bem fluida. Capaz de fazer curvas e se reinventar.

Quadrim: Independente disso, o projeto já excedeu os 100%, qual foi a sensação quando a meta foi atingida?
Marcos: Foi a chuva chegando no sertão! Há muita alegria em se compartilhar uma crença, se dedicar a um ideal e não se estar completamente só! Devo isso ao Elomar, pela sua enorme generosidade, que emprestou seu nome e sua obra para essa tradução em quadrinhos! Chorei até um pouquinho e agradeci a Deus, que está por trás da inspiração desse poeta, com certeza! É um grande prazer e um grande compromisso, tornando-se maiores todos os dias.

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Quadrim: E após o “Auto da Catingueira”, quais os projetos futuros?
Marcos: Estou com dois projetos em gestação para o próximo ano. “A tribo dos nomes“, com meu roteiro e arte, que será uma busca de um império indianista brasileiro, completamente voltado à fantasia. Em segundo, minha parceria com o ilustrador Gabriel Dantas, a ficção vitoriana de humor, “Augusto Severo e a Segunda Lua“, minha primeira visita propriamente dita à comédia, mas permeada com tecnologia retrô e uma arte incrível!

Quadrim: Quem já apoiou, o que pode esperar do livro?
Marcos: Este é um trabalho diferente. O que é cantado torna-se visto, e o que é visto resignifica a canção. Com o maior respeito, adaptei letra por letra do Auto e não lhe retirei ou adicionei sequer uma vírgula. Quem gosta da ópera, vai achar fértil espaço para interpretações. Quem não conhece ainda, será uma honra apresentá-la.

Só posso dizer que vai valer a pena, quem apoiar essa campanha não vai se arrepender, pois vai ter uma experiência “poética-sequencial”! (risos)

Quadrim: Pra finalizar, que recado você daria aos leitores que possam estar indecisos se devem investir no projeto?
Marcos: Ótima finalização! Amigos e amigas, o Auto é mais do que uma história em quadrinhos, é o fruto de um povo e de um pensar que não são mais vistos no mundo, tendo se tornado fábula e recordação. Nosso menestrel, na posição de porta-voz desse modo de vida, o registrou como “cronista de seu tempo”(mesmo que esse tempo às vezes seja o imaginário), e gravou seu disco, cantou suas incursões ao sertão profundo, fez-se testemunha. O objeto desse projeto é que todos possamos sê-lo. Não deixem para depois: O Auto lhes aguarda!

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Quer viajar pelo sertão na companhia de Dassanta, Tropa? Basta clicar na imagem abaixo e contribuir! A partir de R$ 40,00 você receberá um exemplar (o projeto é do tipo flexível) e o prazo para contribuir é até 15 de outubro de 2016!

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Equipe Quadrim

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