Duas funcionárias públicas que tem um trabalho peculiar… Parece algo comum demais pra virar quadrinho, #TropaQuadrimcast? Mas não é! Neste QUADRIM ENTREVISTA conversamos com três feras dos quadrinhos: BRENDDA LIMA, PABLO CASADO E TALLES RODRIGUES que falam de seu projeto MAYARA & ANABELLE VOLUME 3!
Quadrim: Pessoal, somos gratos por nos concederem esta entrevista. A nossa primeira pergunta é a nossa “de sempre”: Pablo e Brendda, como vocês se tornaram fãs de quadrinhos?
Pablo: O desenho do Homem-Aranha, aquele exibido pela Globo nos anos 1990, foi o que me levou à banca próximo do colégio em que estudava e me fez comprar os gibis do personagem. Claro, eu já havia lido Turma da Mônica e coisas da Disney, mas foram os super-heróis que me transformaram em leitor de quadrinhos.
Brendda: Comecei a curtir quadrinhos através das animações e dos filmes do Batman que eu assistia no SBT. Eu era simplesmente apaixonada pela Batgirl e não entendia porque ela ficava pra escanteio nas produções que iam pra TV, de certa forma a curiosidade sobre o que acontecia com os outros personagens do universo Gotham foi o que me motivou a procurar gibis na internet. Quando o interesse por leitura cresceu, eu acabei descobrindo que mangás como Sailor Moon, Nana, Evangelion Neon Genesis, Paradise Kiss e Sakura Card Captors contavam histórias mais próximas da minha vivência e devorei tudo que pude. Mas com toda certeza posso dizer que a foi a Batgirl dos Novos 52 e a produção de mulheres quadrinistas que me tornou realmente fã de quadrinhos.
Quadrim: Talles, você não foi incluído na pergunta já que perguntamos isso na entrevista que fizemos na época do “Pânico no José Walter”. De lá pra cá, o que você considera que mudou na sua arte?
Talles: Acho que a principal diferença de lá pra cá é o número de páginas que eu desenho. Acredito cada projeto novo vai me ensinando uma coisinha nova que eu aplico no próximo. E meus arquivos de Photoshop estão cada vez menos bagunçados tb =P
Quadrim: Pablo, você é um dos roteiristas mais conhecidos do país, mas como foi o processo pra criar a história de “Mayara & Annabelle”?
Pablo: A ideia de Mayara & Annabelle é toda do Talles. Meu trabalho, quando ele me apresentou o conceito, foi ajudar a lapidar e potencializar as coisas.
Talles: Elas duas surgiram em momentos de ócio meu, em rabiscos em caderno. Eu tentei durante muito tempo estruturar a história das duas funcionárias públicas que lutam contra demônios em Fortaleza, mas nada ia pra frente, eu descobri que criar uma história é incrivelmente difícil! Aí em um dia abençoado o Pablo surgiu na minha vida e pegou as minhas ideias pra desenvolver.
Quadrim: Brendda, você entrou no segundo volume de “Mayara & Annabelle” como convidada e agora faz parte da equipe. Como foi receber esse convite?
Brendda: Foi uma das melhores surpresas que tive durante o FIQ BH 2015. Eu tinha adorado o primeiro volume, dado uma forcinha com a coloração das últimas páginas do volume 2 e era mega fã do Talles e do Pablo pela forma como eles fizeram Mayara e Annabelle ser incríveis chutadoras de bundas de monstros usando magias e katanas. Fazer parte do TEAM MeA é uma grande realização pra mim.
Quadrim: E como funciona o processo criativo de vocês? É de forma linear ou vocês trocam muitas ideias durante o processo?
Talles: É uma troca constante. Eu tenho ideias loucas e jogo pro Pablo, que vê o que dá pra usar ou não. Aí eu tento forçar as ideias loucas que ele não quer e por aí vai. A gente trabalha cada uma fazendo sua parte, mas sempre abertos pra ir trocando ideias e melhorando tudo.
Pablo: A gente costuma montar uma base e dela ir refinando o que cada um vai jogando durante. Começo e final são definidos de cara, no miolo a gente improvisa numa parte e segue pelo caminho que a trama pede na outra.
Brendda: Talles e Pablo dialogam muito, trocam muitas ideias mas me deram total liberdade pra criar o universo do terceiro volume, usando os tons de magenta que vocês já viram no material divulgado. Li o roteiro à medida que ia colorindo as páginas para conseguir captar melhor o “espírito” de cada quadro. Quando surgia alguma dúvida, eu enviava a página ainda em produção pros meninos e sugeriam alterações até que tudo ficasse 100%.
Mayara e Annabelle tem um processo de produção que respeita muito os artistas. É praticamente um sonho.
Quadrim: “Mayara & Annabelle Vol. 3” será o terceiro volume de uma série que já rendeu 4 indicações ao HQ Mix. Esse reconhecimento de público e crítica motiva a terem mais volumes?
Talles: Sim. A gente quer continuar fazendo Mayara & Annabelle ainda por um bom tempo. Ideias não faltam e acho que as pessoas querem ler mais histórias delas duas. O que mais dificulta é toda a trabalheira que envolve fazer quadrinhos no Brasil, né?
Quadrim: A história mexe muito com sobrenatural e cotidiano, como conciliar tudo isso nas palavras, nos traços e nas cores?
Talles: Parte da Ideia de Mayara & Annabelle veio de andar pelas ruas da minha cidade e pensar que Nova York e Tóquio, por exemplo, já foram palco de tantas batalhas épicas que eu acompanhei e amei, mas nunca em Fortaleza, ou até mesmo no Brasil. Pra mim a ideia de fazer lutas épicas em cenários fundamentalmente regionais é intrínseca a Mayara & Annabelle. O próximo passo é ir atrás de muitas referências visuais e aprender a desenhar elas explodindo. =P
Pablo: Depois de anos lendo quadrinhos americanos, acredito que a melhor forma de trabalhar com histórias de gênero é aceitar seus elementos com naturalidade sem desconsiderar a nossa cultura. Então os diálogos têm um papel muito importante em M&A, porque as falas das personagens não podem soar como legenda de filme, com ar de tradução. Esse é um dos pontos. O sobrenatural, no caso, a gente vê sob uma ótica brasileira mesmo, mas sem excluir algumas referências estrangeiras.
Quadrim: Quem já apoiou, o que pode esperar do álbum?
Pablo: Mayara & Annabelle Vol. 3 é o mais emocional e cheio de ação até agora, expandindo o universo da série sem deixar de promover a evolução das personagens e, além disso, colocando umas reviravoltas pra apimentar a trama. Tudo isso com uma arte fantástica do Talles e da Brendda. Sério, tá lindo demais.
Quadrim: Pra finalizar, que recado você daria aos leitores que possam estar indecisos se devem investir no projeto?
Pablo: Magia, katana e girl power: esses são três motivos para ler uma das séries brasileiras mais legais – segundo nossxs leitorxs – dos últimos anos. Pode confiar. 😉
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